Corujão da Cirurgia será realizado em 4 fases e não terá hospitais privados

JAIRO MARQUES E ROGÉRIO PAGNAN – FOLHA DE S. PAULO

A primeira das quatro fases do programa Corujão da Cirurgia, plano da gestão João Doria (PSDB) para diminuir a fila de espera por intervenções médicas, deve atender 26 mil pessoas até o final deste ano. Na lista estarão pacientes que necessitam de procedimentos cirúrgicos gerais, com necessidade de internação.

As outras três etapas previstas, que envolvem cirurgias com diferentes complexidades, ainda estão sendo desenhadas, segundo a Secretaria Municipal da Saúde, que comanda a iniciativa.

Na primeira fase, o paciente deverá se internar durante o dia e ser operado à noite ou de madrugada. Devem acontecer até oito cirurgias diariamente, segundo a pasta.

O Corujão vai funcionar nos hospitais Vila Maria (zona norte), Doutor Arthur Ribeiro de Saboya (zona sul), Universitário (zona oeste), M'Boi Mirim (zona sul) e Santo Antônio (região sudeste).

Ao contrário do primeiro mutirão, que envolveu a realização de 250 mil exames laboratoriais, a nova empreitada da Saúde não vai contar com hospitais privados.

Estão previstas cirurgias de hérnia, ginecológicas, de tireoide e de proctologia.

De acordo com o secretário Wilson Pollara (Saúde), as parcerias não serão possíveis devido à "imprevisibilidade" do que pode ocorrer com os pacientes durante os procedimentos médicos, como a necessidade eventual de uma UTI, por exemplo.

"O exame era mais simples. Bastava ao paciente ir ao local e fazer o que fosse preciso. Na cirurgia, pode haver complicações e fica impossível garantir um valor. Seria arriscado assumir os custos", afirma Pollara.

A segunda fase do Corujão será de cirurgias ambulatoriais, como oftalmológicas ou dermatológicas, que não têm previsão de internação, apenas espaço de repouso. O paciente vai entrar e sair do hospital no mesmo dia.

A terceira etapa será de intervenções urológicas, que exigem equipamentos endoscópicos e salas especiais. A última fase, mais dispendiosa, será a ortopédica.

Para cada uma das etapas serão selecionados hospitais com equipamentos e equipes mais afinadas com a demanda das cirurgias.

"A fase da ortopedia será das mais complicadas porque teremos de negociar a compra de órteses e próteses, que são caras. Ainda estamos estudando a melhor maneira de fazer isso. A Santa Casa deve entrar nesse momento porque estão muito preparados", diz.

O secretaria não fez previsão para a conclusão de todo o processo nem divulgou um valor a ser aplicado. É provável que parte das cirurgias fique para 2018.

A fila da primeira fase é de 25.950 pessoas. O restante da espera não foi divulgado porque está, segundo a secretaria, "sendo mapeado".

"O objetivo final é não mais falar para a pessoa que tenha de fazer uma operação no joelho, por exemplo, que ela deverá voltar dentro de um ano. Queremos dar prazos entre 30 e 60 dias, como acontece com os exames, algo razoável para um atendimento", declara Pollara.

Matéria publicada na Folha de S. Paulo.

 

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