Espera por consultas médicas para cirurgias aumenta em São Paulo

O tempo de espera para conseguir uma consulta médica com um cirurgião aumentou na gestão do prefeito Fernando Haddad (PT).

Hoje, pacientes aguardam em média 284 dias para ter a primeira consulta médica com cirurgião especialista em diversas áreas, como cirurgia ginecológica ou de ouvido e garganta -uma espera de nove meses e meio.

Em dezembro de 2012, último mês da gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD), essa espera era de 256 dias, ou oito meses e meio.

Nesses números estão incluídos desde cirurgias de pequeno e grande porte até procedimentos específicos, como vasectomia e laqueadura.

A reportagem teve acesso aos números por meio da Lei de Acesso à Informação.

A primeira consulta com um cirurgião serve para confirmar se há realmente a necessidade da cirurgia e, em caso afirmativo, realizar exames pré-operatórios e agendar a data do procedimento.

A regional leste da saúde, que abrange bairros como Itaquera e Cidade Tiradentes, é a que tem as maiores filas. Ali, o tempo médio de espera por cirurgias ginecológicas e de pequeno porte, por exemplo, ultrapassa um ano –452 dias e 355 dias, respectivamente.

O número de pacientes que aguardam consultas cresceu também. Foi de 56.912 pacientes, no fim da gestão Kassab, para 64.389 neste mês.

O aumento na fila para consultas cirúrgicas ocorre na contramão da redução da fila por consultas com especialistas e exames.

A gestão Haddad reduziu de 810 mil para 653 mil o número de pacientes à espera desse tipo de atendimento.

A prefeitura afirma que o crescimento da fila por cirurgias foi provocado pelo maior número de consultas e exames, pois, quanto mais pacientes diagnosticados, mais são encaminhados à cirurgia.

Gestão

Para a professora da PUC Cristina Amorim, especialista em economia e gestão da saúde, é preciso investir em gestão e ampliar a oferta de serviços para reduzir a espera.

"O gestor deve ter a capacidade de direcionar o cidadão para os vários equipamentos de saúde da rede e, o cidadão, de conhecer sua posição na fila, ter uma previsão do atendimento, como, por exemplo, acontece na fila para transplante", afirma.

Ela diz também que cada unidade de saúde deve ser capaz de realizar mais procedimentos, para evitar que o paciente passe por vários locais para fazer o tratamento. 

Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo

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