Dados da pesquisa IRBEM Criança e Adolescente, divulgados nesta quinta-feira (23/7), mostram que 61% do segmento tem medo de "assalto e roubo".
Por Airton Goes, da Rede Nossa São Paulo
Entre 13 áreas relacionadas à qualidade de vida em São Paulo, a “segurança e proteção” é a pior avaliada (nota média de 5,1) por crianças e adolescentes. O dado integra os resultados da pesquisa IRBEM Criança e Adolescente, divulgados nesta quinta-feira (23/7).
A pesquisa de percepção, que entrevistou 805 crianças e adolescentes, de 10 a 17 anos, é uma iniciativa do Grupo de Trabalho (GT) Criança e Adolescente da Rede Nossa São Paulo, em parceria com o IBOPE Inteligência – que realizou o levantamento – e conta com o apoio do Instituto Alana e do Instituto C&A.
O IRBEM Criança e Adolescente revela também que 61% dos entrevistados têm medo de “assalto e roubo”. Podendo citar até três opções, as crianças e adolescentes incluíram a “violência em geral”, com 56% das citações, e o "tráfico de drogas", com 33%, entre as principais motivações para a insegurança que sentem.
Medo de “sair à noite”, com 21%, e da “polícia”, com 20%, integram o rol dos itens mais citados pelo segmento.
O receio dos pesquisados em relação à “polícia” aparece em outro dado do levantamento. Ao avaliar “o modo como as pessoas são tratadas pelos policiais”, as crianças e adolescentes entrevistados atribuíram nota média de 4,3, a pior na área de “segurança e proteção”.
No grupo das áreas que receberam as menores notas da pesquisa estão “aparência e estética” da cidade e “meio ambiente” (ambas com média de 5,3).
As maiores notas foram atribuídas às áreas “acesso à Internet” (7,9), “educação” (7,3) e “relações humanas” (7,1).
A nota média da pesquisa em relação às 13 áreas pesquisas ficou em 6,2.
Confira aqui os dados da pesquisa IRBEM Criança e Adolescente
Evento de lançamento da pesquisa
Os dados foram apresentados durante o evento público de lançamento da pesquisa, realizado no Sesc Consolação.
Na abertura da atividade, o coordenador executivo da Rede Nossa São Paulo, Maurício Broinizi, registrou que o levantamento de percepção de crianças e adolescentes paulistanos “é inédito e surpreendente”.
Ele disse esperar que a pesquisa contribua para ampliar na sociedade a reflexão sobre a proposta de redução da maioridade penal, que considera um equívoco. “Precisamos que nossos representantes ouçam a população e os jovens, antes de tomarem medidas equivocadas”, criticou.
Ao apresentar os principais dados do levantamento, a CEO do IBOPE Inteligência, Marcia Cavallari, reafirmou: “É a primeira vez que estamos fazendo uma pesquisa na cidade sobre a percepção do público infanto-juvenil”.
Segundo ela, o levantamento revela como a criança ou o jovem vê ou percebe a cidade. “Esperamos que os dados contribuam com políticas e ações para a melhoria da qualidade de vida em São Paulo”, afirmou.
Raniere Pontes, coordenador do Grupo de Trabalho (GT) Criança e Adolescente da Rede Nossa São Paulo, lembrou que “a realização da pesquisa é um sonho de mais de dois anos e uma contribuição para a cidade”.
Os resultados do levantamento, na avaliação de Pontes, mostram que a criança e o adolescente não se sentem protegidos e seguros na cidade. “Convidamos a todos para que utilizem os dados, da forma mais ampla possível, para que a realidade mude.” Ele concluiu sua fala com uma defesa enfática: “Não à redução da maioridade penal!”.
Já Isabella Henriques, do Instituto Alana, destacou que “nada melhor do que saber da própria criança e do adolescente como eles avaliam a cidade”.
O evento contou com a participação do grupo Matéria Rima, que cantou o Hino Nacional Brasileiro em ritmo de Hip Hop, além de outras atividades culturais, como a exibição do vídeo “O que é ser jovem”.
Após a apresentação dos dados da pesquisa, foi realizada uma roda de conversa, em que os jovens puderam apresentar suas opiniões sobre o levantamento e fazer questionamentos ao secretário municipal dos Direitos Humanos e Cidadania, Eduardo Suplicy, e à primeira-dama de São Paulo, Ana Estela Haddad.
Os dois representantes da Prefeitura responderam as perguntas e se posicionaram contra a redução da maioridade penal.
Sobre a pesquisa IRBEM Criança e Adolescente
Desde 2010, a Rede Nossa São Paulo tem divulgado anualmente o IRBEM (Indicadores de Referência de Bem-Estar no Município), com dados atualizados de percepção dos paulistanos sobre a qualidade de vida na cidade. Nesta pesquisa, porém, pela primeira vez foram entrevistadas apenas crianças e adolescentes, de 10 a 17 anos. As perguntas da pesquisa abordam temas do cotidiano do segmento, como escola e amigos, até conhecimento e avaliação das instituições, como Prefeitura e Câmara Municipal.
A pesquisa é uma iniciativa do Grupo de Trabalho (GT) Criança e Adolescente da Rede Nossa São Paulo em parceria com o IBOPE Inteligência, responsável pelo levantamento, e apoio do Instituto Alana e do Instituto C&A.
As 805 entrevistas foram realizadas entre 13 e 30 de junho de 2015, em todas as regiões da cidade. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.
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