Qualidade do ar é pior na região de Congonhas

Em períodos secos do ano, o fenômeno é mais comum. A tosse das crianças e dos idosos denuncia.

São as partículas finas, aqueles grãos de poeira invisíveis que penetram até o pulmão e maltratam a saúde das pessoas.

Em São Paulo, quem mora no Planalto Paulista, na zona sul, perto do aeroporto de Congonhas, tem chances maiores de ser afetado. A região é a única do Estado com poluição de partículas finas acima do limite no ano de 2013, segundo a Cetesb, agência ambiental estadual.

"A partícula fina é o poluente mais associado a problemas de saúde ligados à poluição do ar", afirma o médico Paulo Saldiva, cientista da USP e especialista em estudos da poluição do ar.

No caso da poeira em geral, incluindo os grãos menores e os maiores, várias regiões de São Paulo estouraram o limite anual aceitável, além de Osasco e cidades do interior como Santa Gertrudes, por causa do polo cerâmico regional.

No litoral, altos índices de poeira estão registrados em Cubatão-Vila Parisi, onde existe um grande polo industrial, Cubatão-Vila Mogi e, também, em Santos, na Ponta da Praia. A causa é o alto fluxo de caminhões no porto.

Segundo Nelson Gouveia, médico e pesquisador da USP, a poeira não está restrita às áreas identificadas pelo levantamento anual da Cetesb.

"Existem outras áreas de São Paulo que não são cobertas pelo monitoramento que devem ter o ar tão ruim quanto", afirma.

Ozônio

Outro poluente bastante presente na atmosfera da Grande São Paulo, o gás ozônio, não permaneceu em altas concentrações no ar pesado de São Paulo em 2013.

Apesar de ser uma boa notícia, especialistas no assunto fazem um alerta.

"Não há muito o que comemorar, pois a tendência futura é só de piorar a qualidade do ar com o enorme aumento dos congestionamentos e a opção por transporte individual que impera há décadas em São Paulo", afirma Paulo Artaxo, físico da USP.

Na opinião de Artaxo, o poder público não se esforça em melhorar a qualidade do ar. "Falta um plano coerente de redução efetiva dos níveis de poluição, altos há mais de 30 anos."

Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo

Compartilhe este artigo