Reitores de universidades públicas paulistas divulgam nota sobre crise da água

Encontro que aprovou documento foi motivado pelo artigo “ALARME”, escrito por Oded Grajew, da Rede Nossa São Paulo.

Por Airton Goes, da Rede Nossa São Paulo

Reunidos nesta terça-feira (3/2), reitores e vice-reitores de sete universidades públicas situadas no Estado de São Paulo aprovaram e divulgaram uma nota sobre a crise da água.

Assinado pelos representantes das instituições, o documento informa a criação de um fórum de reitores (das sete instituições) destinado a debater o tema, entre outras medidas.

A nota anuncia também a constituição de “um comitê de gestores das universidades para compartilhamento de boas práticas no uso racional da água e energia, disponibilizando-as à sociedade”.

Os reitores se propõem ainda a “mobilizar instituições de fomento às atividades acadêmicas para direcionamento de recursos financeiros específicos para financiar projetos de pesquisa, de ensino e de extensão relacionados à conservação dos recursos hídricos”.

De acordo com os reitores e vice-reitores, no próximo dia 10 deverá ser instalado um painel técnico-acadêmico – nos moldes do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), da Organização das Nações Unidas (ONU).

Formado por pesquisadores e técnicos das áreas de recursos hídricos, engenharia e meio ambiente, o painel irá compartilhar informações sobre a situação hídrica do estado e apresentar planos de curto, médio e longo prazo ao poder público.

“Somos instituições financiados por verbas públicas e temos o dever de contribuir com a situação, colocando nossas instituições à disposição da sociedade e dos governos”, considerou Klaus Werner Capelle, reitor da Universidade Federal do ABC.

Clique aqui e confira a íntegra da nota divulgada pelos reitores.

Os representantes das instituições relataram que já começaram a discutir internamente planos de contingência, caso haja racionamento. A maior preocupação, segundo eles, é com os hospitais universitários que atendem gratuitamente à população em diversas cidades paulistas. O Hospital São Paulo, mantido pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), por exemplo, é o segundo maior da capital paulista.

Soraya Soubhi Smaili, reitora da Unifesp, relatou ter sido informada pelo governo estadual que o abastecimento de água da unidade de saúde deverá ser mantido, mesmo em caso de rodízio. Recentemente, a Sabesp divulgou que estuda a implantação do racionamento de água. Um dos cenários avaliados prevê cinco dias de corte por semana.

“Precisamos saber se haverá rodízio ou não, e de quanto tempo será, para podermos estudar o impacto nas nossas instituições, em relação às aulas e aos hospitais”, ponderou Soraya.

Além dos reitores e vice-reitores, também participaram do encontro Oded Grajew, coordenador geral da Rede Nossa São Paulo, e Maurício Broinizi, coordenador executivo da organização.

De acordo com relatos de participantes, o encontro teria sido motivado pelo artigo “ALARME”, escrito por Oded Grajew e que teve forte repercussão entre organizações da sociedade civil.

Leia mais:

Universidades de SP cogitam suspender aulas por falta d’água

Grupo de universidades irá elaborar soluções para crise

Universidades de SP podem suspender aulas por falta de água

Nota das instituições públicas de ensino superior do Estado sobre crise hídrica

Universidades públicas de São Paulo cogitam parar aulas em caso de rodízio de água

Ouça a entrevista com Maurício Broinizi, coordenador executivo da Rede Nossa São Paulo, para a CBN.

Compartilhe este artigo