“Centro começa a recuperar moradores” – Jornal da Tarde

 

ELVIS PEREIRA
TIAGO DANTAS

A população do centro de São Paulo voltou a crescer. A região terminou o ano passado com 411 mil habitantes, 12 mil a mais em relação ao verificado em 2000, segundo dados da Secretaria Municipal de Habitação obtidos pelo Jornal da Tarde. O resultado significa o fim da fuga de moradores da área, constatada nas últimas décadas.

“O número não é tão alto, mas é uma reversão satisfatória”, afirmou o secretário de Habitação, Ricardo Pereira Leite. O estudo abrange as moradias na Bela Vista, Bom Retiro, Brás, Cambuci, Consolação, Liberdade, República, Santa Cecília e Sé.

Esses bairros vinham perdendo moradores desde o século passado. “Primeiro, houve uma saída de população de alta renda por volta da década de 50. E, depois, houve investimentos desastrosos do próprio poder público, como a construção do Minhocão, na década de 70, que desvalorizou imóveis”, contou o professor Eduardo Nobre, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP).

O processo de degradação aprofundou-se e, em 1991, o Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou queda de 14% do número de moradores nesses locais, em comparação ao registrado em 1980. De 1991 para 2000, o saldo de habitantes tornou a cair: 23%.

Neste ano, estatísticos da Companhia de Habitação de São Paulo (Cohab-SP)) constataram a retomada do crescimento populacional ao analisar dados preliminares do último Censo divulgados pelo IBGE no ano passado. Procurado, o IBGE não confirmou os dados citados nesta reportagem e informou que divulgará seus números por bairro nesta sexta-feira.

A reocupação da área central resulta de um conjunto de fatores, na avaliação do secretário de Habitação. Um deles seria o baixo preço de imóveis. “Quando houve a degradação, imóveis perderam valor e passaram a ser mais atraentes”, observou Leite.

Estudantes, recém-casados e famílias de classe média passaram a notar, ainda, a boa infraestrutura do centro, que reúne mais comércio, hospitais e opções de transporte, como o metrô. “Morar no centro significa ficar mais perto de tudo, em vez de atravessar a cidade”, resumiu o economista Cícero Yagi, consultor do Sindicato de Habitação do Estado de São Paulo (Secovi-SP).

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