“Desafio Intermodal 2009” – blog do Milton Jung

 


Uma caminhada até o outro lado da rua, dois elevadores e 16 andares acima, eu estava no heliponto de um prédio comercial ao lado da Avenida Eng. Luis Carlos Berrini, na zona sul de São Paulo. Era para mim o início do Desafio Intermodal 2009 e de uma história que surpreendeu a todos os participantes, mesmo os mais otimistas incentivadores da bicicleta.

O helicóptero saiu do Campo de Marte para nos pegar na Berrini. Chegou 10 minutos depois de iniciado o desafio. Por ser um heliponto, o comandante não pode ficar parado esperando o passageiro. Ciclistas, cadeirantes, pedestres e motoristas já seguiam seu caminho. Todos embarcados – eu, cinegrafista e fotógrafo -, ficamos esperando cinco minutos para autorização de voo. O tráfego aéreo, congestionado naquele horário, impedia nossa subida.

Assim que autorizado pela torre de controle do aeroporto de Congonhas, o comandante Murilo levanta voo e em vez de seguir direto para a prefeitura, precisa fazer o retorno pelo Morumbi e acompanhar as marginais, Pinheiro e Tietê. São os corredores aéreos que precisam ser respeitados em nome da segurança.

A cidade que nos incomoda lá embaixo, às seis e 15 da tarde, poluída e travada, é linda vista de cima com sua iluminação rica. Riscos vermelhos e brancos ressaltam o trajeto dos carros pelas grandes avenidas. Difícil para novatos reconhecer os pontos importantes da cidade pelos quais sobrevoamos, mas o comandante está no caminho certo e logo se enxerga o topo do prédio Matarazzo, sede da prefeitura de São Paulo, no centro. Ao lado de um jardim suspenso, o heliponto nos aguarda.

Foram 15 minutos no ar, desde que levantou na Berrini até tocar o chão novamente. Mais algum tempo para o desembarque, espera no elevador da prefeitura e a descida para o largo em frente ao prédio. Tudo somado, completamos o percurso em 33 minutos e 50 segundos.

Surpreendente foi descobrir que três participantes já haviam chegado ao mesmo ponto antes de mim: dois ciclistas e um motoboy que gastaram de 22 a 33 minutos para percorrer o trajeto. A “derrota” do helicóptero encheu os participantes de convicção: a bicicleta, é sim, uma opção para o trânsito de São Paulo.

Outras curiosidades

1. O automóvel – vilão da data – gastou 82 minutos entre os dois pontos, menos do que no ano passado e o dobro de 2007; ficou em 11º lugar, custou R$ 15 e jogou no ar 2,5kg de CO2.

2. O corredor a pé chegou antes do carro ao percorrer o trajeto em 66 minutos; ficou em 6º, não custou nada nem prejudicou o meio ambiente, além de ter queimado alguns gramas de gordura.

3. Quem usou ônibus, chegou em 71 minutos e melhorou a marca do ano passado que foi de 111 minutos.

4. A cadeirante que usou trem e metrô para se deslocar até a prefeitura completou o percurso em 108 minutos, foi o 16º pior resultado, mas mesmo assim ficou a frente do participante que usou ônibus e metrô (109 min.)

Compartilhe este artigo