“Obras antienchente não saem do papel” – Jornal da Tarde

 

FABIANO NUNES

As obras de combate a enchentes em quatro pontos críticos da capital ainda não começaram e as cenas de alagamento devem atormentar novamente os paulistanos no próximo verão. Em abril, a Prefeitura cancelou a licitação para a construção de dois piscinões na região da Avenida 9 de Julho, no centro. Um novo projeto está em elaboração, informou a Administração municipal. O piscinão na Vila Madalena e a implantação de galerias na região da Pompeia, na zona oeste, ainda não saíram do papel e também estão sem previsão. A Prefeitura não prevê obras de reforço nas galerias do Bom Retiro, que este ano também sofreu com alagamentos.

Nesta quinta-feira, teve início a limpeza da calha do Rio Tietê, prevista para terminar em janeiro de 2013. Este ano, o rio transbordou três vezes. Mesmo com o início do desassoreamento, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse que não é possível garantir que a marginal estará livre de alagamento no verão.

Um dos pontos mais críticos de alagamento na região central de São Paulo, a Avenida 9 de Julho, permanece sem solução. Em abril, a Prefeitura cancelou a licitação para a construção de dois piscinões, um na Praça da Bandeira e outro na Praça 14 Bis. Segundo o engenheiro e consultor em macrodrenagem Aluísio Pardo Canholi, a construção de reservatórios na região é a solução mais viável para eliminar os alagamentos. “A 9 de Julho está perto de encostas muito íngremes e os alagamentos acontecem muito rápido. A solução utilizada no mundo todo é o reservatório. É uma solução óbvia, mas parece que o pessoal da Prefeitura não pensa assim”, lamentou. Os piscinões, disse o engenheiro, ajudariam a evitar, por exemplo, o alagamento do Túnel Anhangabaú.

Enquanto a solução do problema não chega, os comerciantes e moradores da região usam comportas para conter as águas. O edifício Brasilar, em frente ao terminal de ônibus da Praça da Bandeira, na Avenida 9 de Julho, utiliza uma comporta há 15 anos para diminuir os efeitos. “No início deste ano, as águas ultrapassaram a comporta, que tem cerca de um metro e meio, e arrebentaram o vidro da porta”, contou o porteiro João Luis da Silva, de 62 anos.

Usar comportas como barreiras também foi a solução encontrada pelos moradores da Vila Madalena, na zona oeste. “O muro da minha residência veio abaixo no início deste ano por causa da enchente”, explicou a dona de casa Emanuela de Moura, de 25 anos, que mora na Travessa Alonso. Ela gastou R$ 8 mil para reerguer o muro, com dois metros e meio de altura, e instalar uma comporta. A Prefeitura prevê a construção de um piscinão na Praça General Oliveira Álvares, mas ainda espera pela licença ambiental para fazer a licitação.

O problema de alagamento na Avenida Pompeia também está longe de ter uma solução. “A Prefeitura pretende instalar um túnel para escoar a água até o Rio Tietê, mas é preciso estudar também a necessidade de um piscinão”, disse o engenheiro Canholi. A Operação Água Branca prevê orçamento de R$ 142 milhões para a implantação de galerias das avenidas Pompeia e Sumaré para conduzir água para o Rio Tietê. Mas não há prazo para o início das obras.

Já para a região do Bom Retiro, o especialista acredita que seria necessário reforçar as galerias. “Como a região está próxima do Tietê, é possível fazer um túnel para ajudar no escoamento.” Em 2010 houve a reforma da galeria na Rua Prates, mas não foi o suficiente para conter as cheias no bairro este ano.

Compartilhe este artigo