“Pedestre atravessa ruas no escuro” – Jornal da Tarde

 

Luminárias apagadas aumentam risco de acidentes; CET vai clarear mais travessias

Luísa Alcalde, luisa.alcalde@grupoestado.com.br

O paulistano tem atravessado perigosas avenidas no escuro. Muitas faixas iluminadas de travessia de pedestres estão com lâmpadas apagadas. Na última quarta-feira, a reportagem do Jornal da Tarde percorreu 50 quilômetros em vias de São Paulo durante três horas e encontrou 114 lâmpadas apagadas e 94 acesas.

O atropelamento, segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), ainda é a principal causa de morte no trânsito, respondendo por 48% das ocorrências registradas em 2009 – 671 mortes, média de dois casos por dia. A maioria dos acidentes com pedestres acontece à noite, especialmente entre 18 e 19 horas, nos dias de semana, e às 23 horas, nas sextas-feiras e sábados.

Existem, na capital, 3.144 travessias de pedestres iluminadas. Há a previsão de implantação de mais 360 dessas na cidade ainda este ano. A maior parte dos equipamentos inoperantes flagrados pela reportagem fica na zona norte, entre as Avenidas Brás Leme, Voluntários da Pátria, Cruzeiro do Sul, Água Fria, Ataliba Leonel e Rua Doutor Zuquim.

O ajudante de veterinário Damião Alves, de 32 anos, trabalha na região e diz sentir-se inseguro quando precisa fazer uma travessia à noite. “Espero sempre o farol ficar vermelho e corro até alcançar o outro lado. Nunca sei se os carros estão me vendo”, diz ele.

A CET reconhece o problema e diz que está mapeando os locais onde há maior risco de atropelamentos à noite para implantar mais faixas de travessia iluminadas. Resultados parciais do estudo mostram que no período antes e depois da implantação de um lote de 103 novas travessias houve redução de 50% do número de atropelamentos noturnos.

Segundo a Prefeitura, no orçamento deste ano da companhia há R$ 4,970 milhões reservados especificamente para a instalação desses equipamentos. A CET também deve implantar ainda este ano um novo equipamento de iluminação com “maior robustez e durabilidade”.

A administração atribui a escuridão das travessias de pedestres às intempéries, vandalismo e desgaste do material, uma vez que os primeiros equipamentos foram instalados nas ruas em 1997.

Um único equipamento custa cerca de R$ 1,5 mil a R$ 3,5 mil aos cofres públicos, dependendo do tipo e do tamanho da via, da disponibilidade para instalação e ligação elétrica e também da aplicação e manutenção da sinalização horizontal.

No Código de Trânsito Brasileiro (CTB) não há nenhuma regulamentação que obrigue o poder público a iluminar as faixas de pedestres. Há apenas uma recomendação da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para manter iluminação num mínimo de 20 lux, o que equivale à iluminação de um abajur com uma lâmpada incandescente de 15 watts em um quarto de 15 metros quadrados com paredes escuras.

HISTÓRICO
Estudo

Há 15 anos, um estudo realizado na cidade de São Paulo mostrou que, dos atropelamentos registrados em 1995, 45,6% tinham ocorrido no período noturno

O principal problema apontando à época da pesquisa era que a visibilidade dos pedestres ficava prejudicada

Incidência

Naquele ano, segundo os levantamentos sobre os acidentes, dos 27 atropelamentos que ocorreram na pista sentido centro-bairro da Avenida Cruzeiro do Sul, na zona norte, em frente ao Terminal Rodoviário do Tietê, 56% ocorreram no período noturno

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