“Pesquisadores da USP criam mapa com pontos de alagamento” – Folha de S.Paulo

DE SÃO PAULO

Verão é sinônimo de chuvas em São Paulo. A cidade fica em estado de atenção e com diversos pontos alagados. Trânsito, falta de luz e outros transtornos assolam os paulistanos que, no final do dia, querem voltar para casa. E uma pergunta fica no ar: se não é possível evitar a chuva, como então tornar esse desafio menos dramático?

A geógrafa Eliane Hirata, da Poli (Escola Politécnica da Universidade de São Paulo), trouxe o problema para sua pesquisa de mestrado e elaborou uma forma de disponibilizar mapas dinâmicos e colaborativos que indiquem os locais de alagamentos na cidade.

O "Pontos de Alagamento" é alimentado a partir de informações obtidas por usuários que acessam o site do projeto, obtidos por receptores GPS em telefones celulares. Também é possível se cadastrar para receber alertas de inundações.

Criado com o código aberto Ushahidi, desenvolvido por africanos, a plataforma usa o princípio VGI (Volunteered Geographic Information) e é hospedada no serviço Crowdmap, que abriga mapas sem a necessidade da instalação em servidores.

O usuário visualiza um mapa de São Paulo com os pontos de alagamento e ainda pode consultar uma lista com os relatos de inundações, com indicações de endereço, data e hora. Segundo Hirata, são disponibilizadas ainda informações fornecidas pelos órgãos oficiais, como o CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências), da Prefeitura de São Paulo.

Para colaborar com o site, basta preencher um formulário e ainda enviar fotos e vídeos dos locais alagados. O sistema é padronizado conforme o CGE e indica se a se a rua está intransitável, transitável ou se a água já escoou.

"Até o momento, nossa dificuldade é em conseguir a interação da comunidade. Mesmo com um modelo de uso fácil, o brasileiro não tem a cultura de usar o celular para acessar ou fornecer esse tipo de informação. No entanto, sabemos que isso tende a mudar", afirma Ana Paula Camargo Larocca, professora do LabGeo (Laboratório de Geoprocessamento) do Departamento de Engenharia de Transportes da Poli, órgão responsável pelo desenvolvimento do projeto com o apoio do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Atuam também no estudo os professores José Alberto Quintanilha e Mariana Abrantes Giannotti.

Quem se cadastrar poderá receber informes sobre pontos alagados de 5 a 100 quilômetros de distância do local informado. "Pela internet, é possível entrar com o nome da rua e marcar manualmente no mapa o ponto de alagamento", afirma a geógrafa. "Quando a informação é passada por celular ou por aparelhos móveis, o ponto é inserido automaticamente por meio do sistema de localização do celular, baseado em GPS."

"Aos poucos vamos deixar a plataforma mais aberta para que interaja mais com os meios de informação das entidades governamentais", conta Larocca.

*Com informações da Agência USP

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