Cultura e lazer aos domingos na cidade
A campanha do Dia Mundial Sem Carro promoveu na cidade um grande debate
sobre várias questões relativas à mobilidade cotidiana dos paulistanos.
Grande número de organizações da sociedade civil, cidadãos,
especialistas, órgãos da imprensa e mídia em geral contribuiram para a
elaboração de um detalhado diagnóstico da mobilidade na cidade e
divulgaram várias propostas alternativas para reverter, por exemplo, os
graves indicadores de poluição do ar que colocam São Paulo como a 6ª
cidade mais poluída do mundo e com fortes impactos na saúde pública,
tais como a grande incidência de doenças respiratórias,
cardiovasculares e cancerígenas. Diante deste quadro, foi denunciada a
falta de encaminhamento para a implantação da Resolução Conama
315/2002, que trata da redução da toxidade do diesel utilizado no país,
assim como foi encaminhada ao Ministério Público representação para o
estrito cumprimento da Resolução e de seus prazos.
Além disso, ficou evidente que melhorar a qualidade de vida na cidade
de São Paulo passa, urgentemente, pela revisão do modelo de mobilidade
urbana vigente, em que a prioridade é dada à circulação de automóveis,
o que vem configurando, também, o esgotamento da capacidade viária da
cidade, tornando o trânsito o grande vilão do tempo, do meio ambiente e
da saúde de todos os que vivem na cidade. Agrega-se a este quadro o
fato de que o alto índice de acidentes é responsável pela média de 04
mortes/dia na cidade, sendo 02 pedestres, 50% deles na faixa etária até
18 anos. O conjunto de indicadores relativos ao trânsito, mobilidade,
saúde e meio ambiente reclamam a adoção de propostas urgentes para
reverter tal situação.
As propostas de ampliação significativa dos corredores de ônibus, de
aceleração da construção das novas linhas de metrô e de instalação de
uma rede de ciclovias na cidade certamente significarão uma melhoria
substantiva neste quadro, assim como a promoção de um transporte
público eficaz e de qualidade, o que deverá resultar num enorme ganho
de qualidade de vida para toda a população. Tais propostas não
constituem novidades, estão disponíveis em grau avançado de elaboração
e detalhamento técnico, já foram implantadas em várias outras grandes
cidades do mundo e contam com apoios significativos de especialistas e
de amplos setores da sociedade paulistana.
O Movimento Nossa São Paulo: Outra Cidade reafirma seu compromisso com
tais propostas e com a continuidade do processo de mobilização para a
sua efetivação.
Nesse sentido, como parte desse processo e como contribuição imediata,
convidamos o poder municipal e a população paulistana à se
comprometerem com uma nova relação com os espaços públicos da cidade,
adotando um conjunto de propostas para que os domingos paulistanos
transformem-se nos primeiros passos para avançarmos em direção à cidade
que todos queremos:
1) Instalação de uma rede de ciclo-faixas ligando os seguintes parques da cidade:
a) Parque do Povo – Ibirapuera – Vila Lobos (Z. Sul- Z. Oeste)
b) Piqueri – Tiquatira (Z. Leste)
c) Juventude – Água Branca (Z. Norte – Z. Oeste)
d) Praça da Sé – Praça da República (Circuito Cultural Centro);
2) Redução da velocidade máxima permitida em todas as vias e quarteirões adjacentes às ciclo-faixas;
3) Instituição de uma cota social para as concessionárias de transporte
público do município por meio de linhas gratuitas de ônibus ligando
todos os bairros da cidade aos principais equipamentos culturais
públicos (museus, centros culturais, teatros, parques, centros
esportivos, etc.);
4) Abertura de bibliotecas, CEUS, museus, centros culturais e demais
equipamentos públicos de esporte, lazer e cultura aos sábados e
domingos ;
5) Garantir uma matriz de transporte público que atenda as opções de lazer, esporte e cultura aos finais de semana;
6) Instituição imediata de políticas educativas, preventivas e, após um
período pré- estabelecido, punitivas em favor do respeito às faixas de
pedestres, à acessibilidade dos portadores de deficiências e à melhoria
generalizada das calçadas, faixas e sinalização para pedestres em geral
e para crianças em áreas escolares e recreativas em particular, assim
como o cumprimento efetivo de toda a respectiva legislação vigente.