Da Redação
Um motor adaptado aos padrões internacionais de emissão de poluentes e que reduz em 92% a quantidade de dióxido de carbono que vai para a atmosfera. No lugar do diesel, que abastece hoje a frota de 15.000 ônibus da cidade de São Paulo, combustível feito com cana-de-açúcar.
Estas são as características do ônibus movido a etanol apresentado nesta terça-feira por pesquisadores da Universidade de São Paulo.
A idéia de fabricar ônibus e caminhões no Brasil nasceu na década de 80, mas foi abortada, pois o preço do petróleo era muito baixo, o que dificultava a concorrência com o etanol.
Agora, com a necessidade de reduzir a emissão de poluentes e melhorar a qualidade de vida nas grandes cidades, ela foi retomada.
"Nós temos que achar um combustível alternativo aos derivados do petróleo. Nós achamos o etanol para substituir a gasolina, de longa data no Brasil. Agora, já há um esforço para colocar o biodiesel no lugar do diesel e nós viémos com essa idéia nova de colocar etanol no lugar do diesel, mas com um pouco de aditivo", disse José Roberto Moreira, coordenador do projeto.
A pesquisa consumiu R$ 1,6 milhão de reais em dois anos e foi financiada pela União Européia. Além do Brasil, outros sete países do bloco e a China participam do projeto.
Na Suécia, por exemplo, 600 desses ônibus movidos a etanol já circulam pelo país. No Brasil, o primeiro ônibus do tipo começará a circular em dezembro.
Um veículo será testado nas ruas de São Paulo por um ano. Os benefícios para o meio ambiente são indiscutíveis, mas uma questão econômica pode barrar o projeto.
Apesar de mais barato que o diesel, o consumo de etanol é maior, o que aumenta em 20% os gastos com combustível.
"O argumento de que você está salvando vidas e economizando gastos com internações hospitalares deve ser uma justificativa para o governo aceitar usar um combustível mais caro", afirmou Moreira.
Veja a reportagem em vídeo
Fonte: Folha de S.Paulo – 23/10/2007