Fonte: O Estado de S.Paulo – 08/02/2008
Cerca de 250 estudantes, distribuídos em 7 turmas, freqüentarão unidades improvisadas nas zonas leste e sul
Maria Rehder
O prefeito Gilberto Kassab (DEM) não cumpriu a promessa de iniciar o ano letivo sem salas de latinha. Na segunda-feira, cerca de 250 alunos de dois colégios da periferia voltarão às aulas em sete classes de lata. O secretário municipal de Educação, Alexandre Schneider, confirma que quatro delas vão abrigar alunos de 4 a 6 anos da Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Orígenes Lessa, na Vila Primavera, zona leste. Em outras três vão estudar alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Maria Rita Lopes Pontes, no Jardim Madalena, zona sul.
"Temos 20 salas de lata na rede municipal, mas só sete vão abrigar alunos. Nas demais funcionarão departamentos administrativos", disse o secretário. Ele alegou que não foi possível começar o ano sem alunos em salas de lata por atraso na licitação de obras. A previsão da secretaria é de que a substituição das salas termine no primeiro semestre. "Em 2005 tínhamos 192 salas de lata que abrigavam 6.720 alunos. Se esse atraso não tivesse ocorrido, começaríamos o ano sem alunos em escolas de lata." Em algumas escolas, segundo o secretário, não foi possível demolir salas e construir novas por falta de espaço.
O promotor da Infância e Juventude Motauri Ciocchetti de Souza afirma que o acordo entre a Prefeitura e o Ministério Público Estadual para o fim das escolas de lata foi firmado em 2004, no último ano da gestão Marta Suplicy (PT). "O prazo para a substituição das escolas de lata era 2006, mas havia ressalvas para possíveis imprevistos. Porém, o acordo previa também o fim das salas de lata. Nenhuma deveria estar funcionando", diz
"A Prefeitura tem recursos para acabar com as salas de lata", diz Claudio Fonseca, presidente do Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo (Sinpeem). O vereador Paulo Fiorilo (PT), concorda. "A Prefeitura prometeu trocar as salas de lata, mas não cumpriu".
Caíque, de 5 anos, neto da dona de casa Maria Lourdes Ribeiro, de 56, estudou em uma sala de lata no Orígenes Lessa, em 2007. "Ele voltava todo suado no calor", diz a avó. "Se está calor, a sala esquenta. Se faz frio, fica gelada."
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