Também divide horários de restrição em 2 períodos pela manhã e à tarde e leva em conta anos pares e ímpares
Eduardo Reina
A ampliação do rodízio de veículos em São Paulo foi aprovada em primeira votação pela Câmara Municipal, na noite de anteontem. Criado pelo vereador Ricardo Teixeira (PSDB), o projeto de lei institui restrição de circulação em todos os dias da semana e amplia a proibição para todo o território da capital. Também a divide em dois. O rodízio valeria nos horários de pico, das 7 horas às 8h30 para placas ímpares e das 8h31 às 10 horas para placas pares. No período da tarde, o esquema funcionaria para placas ímpares, das 17 horas às 18h30, e pares, das 18h31 às 20 horas. Atualmente, apenas 20% da frota fica impedida de circular diariamente no centro expandido. A cada dia da semana, dois finais de placas estão proibidos de sair da garagem. Com a mudança, segundo o vereador, o número de veículos impedidos de rodar aumentaria em 30 pontos porcentuais. Mas especialistas contestam o cálculo.
O primeiro horário do novo esquema valerá para carros com placas ímpares em anos ímpares, como 2007. O rodízio ficaria invertido nos anos pares, como 2008, quando veículos com placas pares passam a ser impedidos de circular na primeira metade do horário. Para virar lei, no entanto, o projeto ainda precisa ser aprovado em segunda votação. Depois, segue para sanção do prefeito Gilberto Kassab (DEM).
Funcionário da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) há 30 anos, Teixeira explica que a proibição será igual para os motoristas. "Cada um ficará impedido de circular por uma hora e meia. A cota de sacrifício será igual para todos." O objetivo, segundo o parlamentar, é proibir que os donos de dois carros driblem o esquema. "Em vez de 5,4 milhões de veículos na rua no horário do rush, teremos 3 milhões. Isso vai melhorar o trânsito."
Integrante da base governista, o tucano disse que não conversou com Kassab sobre o projeto, mas prevê a segunda votação até o fim do mês. "Se compararmos a capital a um corpo humano, vemos as veias e artérias entupidas."
A medida é vista com cautela pelo presidente do Instituto de Engenharia, Francisco Christovam. Para ele, a proposta teria de partir da CET. Ele defende limites ao uso do automóvel e diz que, antes de aprovar esse projeto, é preciso tirar das ruas 30% da frota que circula irregularmente. "São mais de 1,5 milhão de carros sem registro. Temos de resolver esse problema para depois aplicar restrições a quem está regular."
A média de lentidão em agosto – 120 quilômetros – já atingiu o nível registrado antes da adoção do rodízio. Em 1996, a média era de 123 quilômetros.
COLABOROU NAIANA OSCAR
Fonte: O Estado de S.Paulo – 07/12/2007