Daniel Engelbrecht – O Globo
RIO – O Movimento Rio Como Vamos, criado no primeiro semestre deste ano com o objetivo de resgatar a qualidade de vida no Rio, deu seu primeiro grande passo na manhã desta quinta-feira. Foram apresentados no auditório da Fecomércio, no Flamengo, os resultados de uma pesquisa sobre a percepção da qualidade de vida do Rio, antecipada pelo jornal "O Globo", e de uma análise sobre a evolução dos indicadores sociais nos últimos dez anos. Enquanto a educação é apontada por estudiosos como a área que merece maior atenção das autoridades, na percepção popular a violência, a má conservação da cidade e o atendimento ruim na rede de saúde são considerados os principais problemas.
Embora algumas taxas, como a de homicídios, tenham melhorado nos últimos dez anos, os números relativos à violência ainda são altos, pouco se refletindo na diminuição da sensação de insegurança. Em 1996, mais de 55 pessoas foram assassinadas para cada grupo de cem mil habitantes na cidade do Rio. Em 2006, esse índice foi de 40,2, deixando o Rio na nona posição entre as capitais com maior taxa de homicídios. Entre os jovens de 15 a 24 anos, também houve redução no índice de mortes por arma de fogo, de 120 casos para cada cem mil pessoas, em 1996, para pouco menos de 99 no ano passado.
Longe de significar que o Rio está se transformando numa cidade segura, a evolução dos índices sequer foi percebida pela população, lembra a cientista social Samyra Crespo, uma das coordenadoras do Rio Como Vamos.
Na saúde, a melhoria de outros indicadores, como a diminuição nas taxas de mortalidade infantil e materna nos últimos dez anos, também não se refletiu numa percepção de evolução na qualidade do atendimento à população, nem colocou o Rio em melhor posição entre as diversas regiões metropolitanas do país. Em geral, a assistência médica e hospitalar pública foi considerada péssima pelos entrevistados.
É na educação, no entanto, que os índices mais preocupam os participantes do movimento. A Região Metropolitana do Rio possui a menor taxa de matrícula no ensino fundamental entre as dez regiões destacadas pelo IBGE na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNad). Quase 7% das crianças entre 7 e 14 anos estavam fora da escola no ano passado. Além disso, metade dos jovens entre 15 e 17 anos não estava freqëntando, no ano passado, o ensino médio.
Fonte: O Globo – 06/12/2007