Usina termelétrica aproveitará gás do aterro São João

A nova usina vai transformar em energia elétrica a maior parte do gás produzido pela decomposição natural das 26 milhões de toneladas de resíduos sólidos depositados no Aterro São João entre 1992 e 2007.

O prefeito de São Paulo acionou nesta sexta-feira (25/01) a chave que pôs em operação a usina termelétrica do aterro sanitário São João, em São Mateus, na Zona Leste. A nova usina vai transformar em energia elétrica a maior parte do gás produzido pela decomposição natural das 26 milhões de toneladas de resíduos sólidos depositados no aterro São João entre 1992 e 2007.

Somada a operação semelhante realizada no aterro Bandeirantes, na Zona Oeste de São Paulo, a ativação da termelétrica do aterro São João significará a produção de energia limpa suficiente para abastecer 800 mil pessoas, o equivalente à população de Teresina, no Piauí.

"Este projeto nos ajuda a ter uma cidade mais limpa, porque aqui temos a convergência de dois importantes programas da Prefeitura voltados para a melhoria da qualidade do meio ambiente e para a geração de energia limpa e barata", disse o prefeito.

O programa municipal busca dar destinação ambientalmente segura e sustentada ao lixo produzido na cidade. Com a transformação do gás em energia elétrica nos dois aterros, o município deixará de lançar até 2012 um total de 11 milhões de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera, evitando a emissão de um dos gases responsáveis pelo efeito estufa.

Isso corresponderá à poluição gerada por 2 milhões de veículos movidos a derivados de petróleo – o equivalente a 40% da frota em circulação no município. O programa da Prefeitura resultará em créditos de carbono que serão negociados em leilão, gerando recursos para a aplicação em novos projetos para a população".

"Temos aqui vários ganhos: o primeiro é garantir que estamos fazendo o controle completo do metano que é gerado no lixo. Essa grande quantidade de lixo produz energia, o que representa uma segunda razão para comemorar. O terceiro ganho é comprovar perante os organismos internacionais, como a ONU, que a cidade tem ganhos ambientais e, com isso, obter os certificados de carbono que podem ir a leilão", disse a secretária adjunta da Secretaria Municipal de Governo.

Créditos de carbono

A usina termelétrica inaugurada nesta sexta-feira é abastecida por gás captado por 126 poços espalhados em 80 hectares do Aterro São João. O gás será bombeado por 30 km de tubos até os 16 motores capazes de gerar 200 mil Mwh por ano. O sistema é o mesmo utilizado no Aterro Bandeirantes, que já deixou de lançar na atmosfera mais de 2 milhões de toneladas de dióxido de carbono. Por conta disso, foram gerados cerca de 1,6 milhão de créditos de carbono, uma "moeda ambiental" que os países poluidores compram para ajudar a cumprir as metas de redução de poluição estabelecidas pelo Protocolo de Kyoto.

Dos créditos certificados pela ONU, metade pertence à Prefeitura e metade à empresa Biogás, concessionária da exploração do gás bioquímico gerado no aterro Bandeirantes. Os créditos da Prefeitura, negociados em leilão na BM&F em setembro, renderam aos cofres municipais R$ 34,05 milhões, valor que será utilizado em projetos de melhoria ambiental nas regiões de Perus e Pirituba, na Zona Norte, vizinhas do aterro. Outros créditos de carbono, na ordem de 1 milhão, já foram acumulados e estão em fase de certificação. Em breve poderão ser negociados. Com a operação da termelétrica, o aterro São João também passa a gerar créditos de carbono.

Energia limpa

O aterro São João recebeu cerca de 6 mil toneladas de lixo urbano por dia, o correspondente à metade do total coletado na cidade. Entrou em operação em dezembro de 1992 e operou até outubro de 2007, quando formava uma montanha de lixo com quase 150 metros de altura. Desde a data da ativação até o final da vida útil, recebeu 27,9 milhões toneladas de lixo. A média diária de resíduos recebidos nos últimos anos foi de mais de 5 mil toneladas e a geração de líquido percolado (chorume) transportado por carretas para o tratamento junto a Sabesp ultrapassam os 1.800 m³ por dia.

O aterro Bandeirantes possui 140 hectares de área e recebe aproximadamente 6.700 toneladas de resíduos por dia. Cerca de 60% destes resíduos são de origem orgânica e produzem 1.500 m³ de chorume diários, o equivalente a 50 carretas de 30 mil litros cada uma. No Bandeirantes, grande parte dos gases gerados são encaminhados para a usina termelétrica existente no local. O aterro já deixou de lançar na atmosfera mais de 2 milhões de toneladas de dióxido de carbono, gerando cerca de 172.800 MWh/ano.

Fonte: prefeitura.sp.gov.br – 25/01/08

 

 

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