Fonte: Artigo de Gilberto Dimenstein – Folha de S.Paulo – 07/02/2008
Uma das mais celebradas conquistas do PSDB foi a redução da taxa de assassinatos em São Paulo, especialmente em sua região metropolitana – na semana passada, relatórios oficiais indicaram uma queda de mais 19% de homicídios em 2007, comparado com o ano anterior. Uma informação lançada pela Folha coloca agora sob suspeita os números de mortes divulgados pelos governos Alckmin e Serra. Se as suspeitas não se confirmarem, ótimo: voltaremos a celebrar uma bela conquista social. Se forem confirmadas, estaremos diante de uma das maiores empulhações oficiais dos últimos tempos.
Conversei com técnicos da Secretaria de Segurança em busca de explicações, mas não consegui desfazer as suspeitas. Imaginei até que obteria respostas rápidas e até simples sobre desvios metodológicos, mas não foi o que aconteceu. Não confirmaram o erro, mas não se sentiram ainda em condições de negar. Pedi uma palavra oficial sobre os dados, sem resultado.
A Folha informou que cerca de 17% da mortes violentas registradas pelo Instituto Médico Legal de São Paulo, em 2005, estavam classificadas como indeterminadas, ou seja, não poderiam engrossar a estatística dos homicídios. O que provoca suspeita é o fato de que essa percentagem de mortes não definidas do IML já ter sido bem mais baixa, no final da década de 1990, quando se inicia a acentuada queda dos homicídios. Não estão computando os assassinatos para que fiquem na condição de mortes indeterminadas? Se isso estiver mesmo ocorrendo, afetaria o índice geral? É um problema do IML ou da polícia que não investiga?
Há abundantes sinais, captados das mais diversas fontes, de que a taxa de homicídio está mesmo caindo em São Paulo. É o que vejo conversando com lideranças comunitárias. Mesmo somando todas aquelas mortes indeterminadas como assassinatos, haveria queda, embora, evidentemente, menor. Mas enquanto não se informar com clareza sobre essa questão vamos ter que suspeitar que fomos enganados pelos números de segurança dos governos Alckmin e Serra.