Zona oeste terá pacote de obras de R$ 33 mi

 


Fonte: O Estado de S.Paulo

Prefeitura admite pressão de construtoras para investir na região

Diego Zanchetta
Treze anos depois do início da Operação Urbana Água Branca, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) vai aplicar, até o fim deste ano, R$ 33,2 milhões em 11 projetos de melhorias, já licitados, para as regiões de Perdizes, Barra Funda, Pompéia e Água Branca, zona oeste. A medida também atende a pressões de construtoras que tentam vender unidades habitacionais e construir novos empreendimentos nessas regiões, segundo fontes da Prefeitura.

O pacote inclui alargamentos de ruas, mudanças de cruzamentos, um novo retorno no Viaduto Pompéia e uma praça de 80 metros de extensão entre o Parque Fernando da Costa e o Memorial da América Latina. As melhorias vão ocorrer na região considerada um dos filões do mercado na capital – são sete prédios em construção só na Rua Joaquim Ferreira e na Avenida Santa Marina, vias próximas à linha férrea da CPTM que vão receber parte das obras. "Temos uma região com infra-estrutura, metrô, shopping. E o mercado imobiliário só percebeu agora a vocação residencial no entorno desses equipamentos", afirmou.

Somados, Perdizes (2.971), Água Branca (600) e Barra Funda (1.568) tiveram 5.139 unidades habitacionais lançadas entre 2004 e 2007, segundo a Empresa Brasileira de Estudos do Patrimônio (Embraesp). Dos 22 projetos aprovados para as regiões nos últimos 13 anos, 12 são residenciais. A previsão da Prefeitura é de que a densidade demográfica na região da Água Branca, hoje de 23,15 habitantes por hectare, salte para 250 habitantes/hectare até 2025. A Prefeitura diz que com os equipamentos públicos existentes, essa taxa de ocupação projetada é a ideal para a região.

As intervenções serão feitas com as contrapartidas pagas por 22 empreendimentos que se instalaram nos bairros entre 1995 e 2007, informou ontem o gerente de Operações Urbanas da Empresa Municipal de Urbanização (Emurb), Vladir Bartalini. As contrapartidas acumuladas obedeceram à seguinte lógica: se um empreendedor tem autorização para construir em 100 mil metros, mas construiu em 150 mil, ele precisa pagar uma indenização – só o Shopping Bourbon, na Avenida Francisco Matarazzo, desembolsou R$ 6,5 milhões.

O Executivo ainda pretende enviar um novo projeto à Câmara, até o fim do primeiro semestre, com o objetivo de conseguir autorização para desapropriar uma área de 250 mil metros quadrados entre o Viaduto Pompéia e a Marginal do Tietê. Segundo Bartalini, a intenção é atrair novos empreendimentos residenciais para o que ele diz ser a segunda etapa da Operação Urbana Água Branca – um projeto para a ocupação dessa área e do entorno da linha da CPTM que concentra hoje construções foi lançado em 2004, na gestão Marta Suplicy (PT), com o nome de Bairro Novo.

Para o vereador Paulo Fiorilo (PT), o projeto de Kassab é uma cópia do Bairro Novo. "É idêntico ao nosso projeto."

No anúncio, críticas de ONG e festa de construtoras

Diego Zanchetta
O pacote de 11 obras para a zona oeste foi divulgado anteontem pelo diretor da Emurb Rubens Chamma em audiência na Subprefeitura da Lapa. Houve comemoração de consultores de imóveis e representantes de construtoras. Mas grupos de moradores criticaram a falta de informações sobre as licitações e o uso do dinheiro das contrapartidas pagas por empreendimentos na região.

Indignados, representantes da organização não-governamental Associação Amigos de Vila Pompéia prometem recorrer à Justiça contra o pacote. "Ninguém falou como foram as licitações, quanto custou cada projeto. Nos chamaram e anunciaram que vão gastar os nossos R$ 33 milhões em projetos de interesse das construtoras", critica Maria Antonieta Lima e Silva, presidente da ONG. "Estamos estudando um mandado judicial para barrar as obras." A associação, ao final da reunião, divulgou um documento em que manifesta sua posição contrária aos investimentos anunciados.

Consultora de imóvel presente na reunião, Laura Lourenço Baialuna defendeu os projetos. "São coisas boas para os dois lados, para a população e para as construtoras."

Luiza Nagib Eluf, subprefeita da Lapa, avalia que os projetos atendem aos interesses da comunidade. "No geral, esses projetos visam remodelar a região e integrar a população aos equipamentos públicos, como o metrô e o Memorial da América Latina", disse.

Das 13 operações urbanas previstas desde 1991 pela Prefeitura, só 4 saíram do papel: Centro, Água Branca, Faria Lima e Águas Espraiadas. O objetivo das operações é financiar projetos de requalificação urbana com receita de empreendimentos que pagam contrapartidas ao Município quando constroem acima do previsto na Lei de Zoneamento.

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