Estudo da Abrelpe indica que 61% dos municípios não têm destino adequado para lixo

 

Fonte: Revista Sustentabilidade
Por Dayane Cunha

Coletar e dispor adequadamente os resíduos sólidos ainda é um problema para 61% dos municípios brasileiros apesar dos R$ 6 bilhões anuais gastos, indicou estudo publicado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), que lançou nesta quarta-feira (27) o Panorama Nacional dos Resíduos Sólidos no Brasil, obtido antecipadamente pela Revista Sustentabilidade.

A Abrelpe informou que dos 5.564 municípios brasileiros, somente 39% dispõem de aterros sanitários para a destinação final do lixo, considerados os únicos locais adequados para o resíduo que não pode ser reciclado.

A região Norte é a que mais sofre, com 85,2% dos resíduos depositados inadequadamente, seguida das regiões Nordeste (75%) e Centro-Oeste (65%). O Sudeste e Sul são as regiões com mais aterros sanitários, 47,3% e 58,1%, respectivamente, e pagam mais por isso.

Na coleta do lixo em si, a pesquisa mostrou que cidades com mais de 500 mil habitantes, como São Paulo e Curitiba, são gastos por mês R$ 15 reais para coletar o resíduo gerado por uma família de quatro pessoas. Em cidades com menos de 50 mil, o gasto não chega a R$10 reais.

O mercado de coleta de serviços supera R$ 6 bilhões no país inteiro, montante que deveria ser maior para aumentar a eficiência do serviço, segundo conclusão do estudo, que pode ser usado como embasamento para desenhar políticas para o setor.

"Até 2006, a Abrelpe compilava e atualizava os dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que eram nossa principal referência,” disse Sílvia Martarello Astolpho, coordenadora do Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento em Resíduos da Abrelpe. “Neste ano, nós incluímos uma metodologia estatística que nos permitiu chegar a resultados com índice de confiabilidade de 95% e uma margem de erro muito pequena, de até 6%, o que vai possibilitar assertivas na tomada de decisão do setor".

O estudo também mostrou que existe uma aparente preocupação com coleta seletiva, pois o panorama mostrou que 65% dos municípios contam com alguma iniciativa de coleta seletiva, dado que não leva em conta a proporção dos resíduos que são reciclado já que o volume reciclado varia de cidade para cidade. Curitiba, por exemplo, recicla mais de 20%, enquanto São Paulo, apenas 1%, segundo dados oficias, mas a duas têm programas.

Para a associação, o valor econômico agregado aos materiais – que varia de lugar a lugar -, a realidade sócio-econômica de cada cidade, o interesse das comunidades em preservar o meio ambiente, além da ação do poder público, são os fatores determinantes para o sucesso dos programas de coleta seletiva.

Astolpho também afirmou que os municípios não têm direcionado as coletoras à coleta seletiva e aponta a obrigatoriedade como solução.

"Os municípios não têm incentivado”, explicou. “A gente pode ver pela pesquisa que mostra que aproximadamente 35% não possuem qualquer iniciativa de coleta seletiva”.

A engenheira sugeriu que o município pode ajudar estabelecendo no seu plano de gestão a obrigatoriedade da coleta seletiva e capacitação para que ela ocorra.

Na opinião dela, é importante que políticas públicas de coleta seletiva e reciclagem sejam implementadas, pois, por meio dela, os aterros terão uma vida útil mais longa, garantindo destino final para o resíduo que não é reciclável.

 

 

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