Contato com poluição corresponde a fumar dois cigarros por dia

 

Fonte: Uol / Vya Estelar

Estudos feitos nos laboratórios da USP indicam que em uma cidade com o ar poluído, o risco de infarto cresce 75% se comparado com uma cidade de ar limpo

"As chances de ocorrer um infarto em meio a um congestionamento crescem em duas vezes e meia" A poluição nas grandes cidades tornou-se um grave problema de saúde pública, principalmente para as doenças cardiovasculares.

Só na cidade de São Paulo, o professor de Patologia da USP, Paulo Saldiva, constatou que a poluição é tão alta que seria o mesmo que as pessoas fumassem dois cigarros por dia. "Para quem fuma, não faz tanta diferença, mas para o não fumante cria condições para o desenvolvimento de várias doenças, entre elas as do coração", revela.

O professor explica que ficar exposto aos gases tóxicos danifica o funcionamento normal do coração. "Todo material particulado agride principalmente os sistemas respiratório e cardiovascular e temos um aumento da incidência de problemas do coração, especialmente infarto e angina", explica.

Estudos

Os estudos feitos nos laboratórios da USP indicam, da mesma forma que pesquisas semelhantes nos Estados Unidos, que numa cidade de ar poluído, como São Paulo, o risco de infarto cresce 75% se comparado com uma cidade de ar limpo. Esse índice, multiplicado por 16 milhões de habitantes, acaba representando centenas de mortes que poderiam ser evitadas.

A emissão de poluentes também favorece o efeito estufa, provocando alterações climáticas, como baixa umidade do ar e aumento da temperatura. "Se andarmos do parque Trianon até a calçada do Masp, iremos notar uma diferença de quase três graus, o que contribuiu para o risco cardiovascular", explica o professor.

Paulo Saldiva defende uma política urbana mais adequada já que o fumo você escolhe e a fumaça dos ônibus, caminhões e carros, não. "Precisamos olhar o problema de frente e buscar saídas imediatas para reduzir a emissão de poluentes", alerta e exemplifica: "As chances de ocorrer um infarto em meio a um congestionamento crescem em duas vezes e meia".

Desde a década de 80, Paulo Saldiva estuda, no Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da USP, as conseqüências da poluição do ar nas grandes metrópoles, especialmente em São Paulo. Os diversos trabalhos realizados por sua equipe apontando a poluição como fator de risco cardiovascular serão apresentados no XXIX Congresso da SOCESP – Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo. O evento será realizado entre os dias 1º e 3 de maio, no Expo Center Norte, em São Paulo.

Diesel

O óleo diesel utilizado por caminhões, ônibus, micro-ônibus e veículos utilitários – uma frota de cerca de 760 mil em São Paulo – é o combustível que mais causa impacto negativo à saúde. E o enxofre presente no diesel é o responsável pela nocividade do combustível. Por isso, o Movimento Nossa São Paulo está se mobilizando para que a Petrobras mude a concentração do enxofre no diesel de 500 partículas por milhão (ppm S) para 50 ppm S. A resolução 315/2002 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) determina que, a partir de 1º de janeiro de 2009, o diesel comercializado no Brasil contenha, no máximo, a concentração de 50 ppm S.

No entanto, a Petrobras condicionou a disponibilidade do combusstível à entrada no mercado de veículos equipados com motores Euro IV. Estudos indicam que a utilização do diesel 50 ppmS em veículos antigos também gera uma redução significativa das emissões de poluentes, variando de acordo com ano e modelo.

 

 

 

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