Tatiane Ribeiro – Projeto Repórter do Futuro
O ex-governador de São Paulo, Cláudio Lembo, afirmou que o mandato representativo se esgotou. “Ele tem que ser repensado”, disse. Lembo foi um dos participantes da mesa de discussões que ocorreu na noite desta quinta, logo após a abertura oficial do Fórum Nossa São Paulo. Com ele, debateram Mário Sérgio Cortella, Cida Bento, Raquel Rolnik, Frei Betto e Eduardo Ferreira.
Lembo defendeu uma democracia em que a população possa, enfim, mostrar seus desejos e necessidades. “Está surgindo, no Brasil, o patriotismo constitucional. A população está começando a acreditar nos direitos constitucionais”, avaliou.
Para a professora Raquel Rolnik, ex-secretária nacional de Programas Urbanos do Ministério das Cidades, “nós temos um, isso mesmo, um único desafio: construção da idéia de público, não só do espaço, mas também do político”.
A discussão fluiu normalmente, de forma que o moderador fez poucas intervenções. Os participantes foram unânimes em defender a democracia participativa. Uma das idéias expostas, como forma de garantir uma maior proximidade dos cidadãos com o processo decisório, foi a adoção de jurados cívicos, que já funcionam em Berlim. Na capital alemã, representantes distritais são sorteados para levar ao executivo as reivindicações da sua comunidade.
Para frei Betto, escritor e religioso dominicano, ex-assessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os políticos tem que parar de agir como se não tivessem contas a prestar à população. “Eu sonho com o dia em que os políticos vão se referir à sociedade com essas palavras: ‘as nossas autoridades’”.
O discurso mais crítico foi feito pelo integrante do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis, Eduardo Ferreira. Sem meias palavras, ele falou sobre corrupção, respeito, participação ativa dos catadores dentro da sociedade.
Para ele, político que rouba tem que ter seus pertences retirados. Quando frei Betto mencionou que a elite brasileira tem a chave da Esplanada, Ferreira disparou: “A gente vai na garra, no grito, na ação direta. Eu só sei de uma coisa: se eu tivesse essa chave, eu já estava na cadeia.”
A mesa ainda discutiu sobre a ação das ONG’s, uso de dinheiro público e experiências de cada um com ou no governo.
Mario Sérgio Cortella, filósofo e professor da PUC-SP, lembrou o lema do Sindicato dos Professores da Rede Privada: “Se ficar, o bicho come, se correr o bicho pega, mas se juntar, o bicho foge”.
** Os estudantes de jornalismo que participam do módulo Descobrir São Paulo, Descobrir-se Repórter do projeto Repórter do Futuro realizam a cobertura multimídia do 1º Fórum Nossa São Paulo – Propostas para uma Cidade Justa e Sustentável.