O pai-de-todos da mobilização

 

Elisa Estronioli – Projeto Repórter do Futuro

Da década de 90 para cá, Bogotá passou por um processo urbanístico que transformou a metrópole de um símbolo de violência, tráfico de drogas, poluição e corrupção a um exemplo para outras cidades de países subdesenvolvidos. Entre os merecedores dos louros pela façanha está o movimento Bogotá Cómo Vamos, que esteve representado por Carlos Córdoba no I Fórum Nossa São Paulo.

O movimento, que inspirou todos os outros que participaram dos debates com organizações latino-americanas no Fórum – inclusive o dono da casa, foi formado em 1997 na capital da Colômbia por três empresas, a Casa Editorial El Tiempo (que edita o principal jornal do país), a Fundación Corona e a Cámara de Comercio de Bogotá, com o objetivo de levantar dados sobre qualidade de vida da capital colombiana e confrontá-los com as promessas feitas durante as campanhas para prefeito. “Não somos uma ONG, nem queremos ser. Somos um grupo de cidadãos interessados em monitorar a qualidade de vida, sem tendências políticas, cujo objetivo é tentar ver as mudanças na qualidade de vida da gente.”

Onze anos depois, Córdoba conta, orgulhoso, que os indicadores da cidade mudaram. “Há 17 anos, a taxa de homicído de Bogotá era 84 casos por 100 mil habitantes. Agora chegamos a 18. Tínhamos 76% de alfabetizados. Agora são 98%. Os impostos não eram pagos por 42% da população e agora esse número caiu para 1%”.

O movimento organiza e divulga os indicadores de qualidade de vida de Bogotá. Com esses números em mãos, foi possível pressionar a administração pública para adotar uma postura mais transparente – e portanto mais fiscalizável. “Hoje os candidatos sabem quem tem alguém acompanhando as propostas, por isso eles têm que ser mais objetivos”, diz Córdoba.

Fortalecendo ainda essa opostura, o movimento pressionou a câmara a aprovar um plano de metas que obriga os candidatos a prefeito a detalharem suas propostas no começo da gestão – garantindo ainda mais elemento para os cidadãos fiscalizarem os passos dos políticos. O Nossa São Paulo conseguiu em fevereiro pressionar a câmara paulistana a votar projeto semelhante e muitos outros movimentos inspirados naquele o fizeram (ou pretendem fazê-lo) também.

Córdoba explica que os objetivos do movimento são promover um governo mais transparente e reflexivo, incentivar uma cidadania mais participativa e fazer alianças estratégicas com instituições para ganhar força para pressionar o governo. “Queremos fortalecer a democracia e as instituições e tornar as informações públicas.”

 

 

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