Frota maior põe em risco controle da poluição


SP teve 1,5 mil veículos novos por dia em março; qualidade do ar ficou inadequada 14 vezes no ano

Daniel Gonzales

O último mês de março bateu um recorde: foi o período de 30 dias em que mais veículos entraram na frota paulistana, em todos os anos. E o aumento exagerado da frota, para especialistas, já coloca em risco o controle da poluição do ar. De acordo com dados do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), 48.751 carros, motos, caminhões e ônibus foram emplacados na capital em março – média de 1.572 novos veículos por dia.

Apesar de os veículos com menos de 20 anos, que emitem bem menos poluentes, representarem a grande maioria (79,4%) da frota total paulistana, eles já são tantos que os danos que causam ao ambiente acabam multiplicados a ponto de começar a ameaçar as conquistas tecnológicas da indústria automobilística, obrigada por lei a reduzir ao máximo as emissões de gases dos motores.

“Não tem nenhum carro que aspire poluição. E em marcha lenta, em meio aos congestionamentos, os veículos emitem mais gases”, explica o patologista Paulo Saldiva, pesquisador do Laboratório de Poluição da USP e do Departamento de Saúde Ambiental da Universidade Harvard (EUA). “Estamos começando a voltar para trás, depois de alguns anos de melhora.”

Em fevereiro, já tinham ido às ruas da capital 29.902 veículos. Entre fevereiro e março, o emplacamento dos 0 km cresceu 62,4%. Em abril, o ritmo de crescimento da frota foi um pouco menor: 35.935 veículos começaram a circular na cidade.

Mesmo assim, com as adições dos quatro primeiros meses deste ano, a frota da cidade de São Paulo saltou para pelo menos 6.103.642 veículos até o fim de abril. Como o período de janeiro a abril soma 121 dias, a média diária de emplacamentos, nos 4 primeiros meses do ano, foi de 945 veículos.

Com isso, além dos intermináveis congestionamentos – pesquisa da Fundação Dom Cabral, de Minas Gerais, mostra que entre 2004 e o ano passado os períodos de lentidão da manhã e do horário do almoço têm se prolongado, em média, 15% ao ano – a poluição registra ligeira tendência de aumento desde o ano passado. Isso reverteu quedas progressivas que vinham sendo observadas desde 2002.

MÁ QUALIDADE DO AR

No ano passado, houve 57 vezes em que o ar paulistano ficou com qualidade “inadequada” ou “má”, em ao menos uma das 24 estações de monitoramento da companhia, na capital e Grande São Paulo. Em 2006, haviam sido 46 registros.

Neste ano, levantamento feito pelo com base nos boletins diários da Cetesb mostra que a qualidade do ar já atingiu os parâmetros “má” ou “inadequada” em 14 oportunidades, em uma ou mais estações, nos três primeiros meses do ano, mantendo a tendência de 2007.

O mês mais poluído deste ano – março, quando a qualidade do ar atingiu por sete vezes a marca “má” ou “inadequada” – coincide com o de maior expansão na frota paulistana.

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