SP faz parceria para banir mendigos e camelôs do centro – texto do jornal Folha de S.Paulo

 

Prefeitura afirma que moradores de rua serão convidados a se mudar para albergues; projeto é lançado em ano eleitoral

Programa compreende as regiões dos largos de São Bento e São Francisco, as praças da Sé e do Patriarca, e o Pátio do Colégio

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

Em ano de eleições municipais, a prefeitura, em parceria com o governo do Estado e a iniciativa privada, lança um novo plano de revitalização e ocupação do centro que pretende banir o lixo, a violência, os camelôs, os mendigos e os moradores de rua.

Batizado de Aliança pelo Centro Histórico, o programa abrange o chamado triângulo histórico: os largos de São Bento e São Francisco, as praças da Sé e do Patriarca e o Pátio do Colégio. É a cidade de São Paulo tal como era em 1810, uma área de meio quilômetro quadrado que, hoje, equivale a apenas 2% da jurisdição da Subprefeitura da Sé.

"Apesar de ser pequena, é uma área crítica. O intuito não é criar coisas novas, mas cuidar bem do que já existe", diz Marco Antônio Ramos de Almeida, superintendente da ONG Associação Viva o Centro, um dos parceiros do projeto, que deve custar ao menos R$ 1 milhão por ano à instituição.
Segundo a organização, entre 45 e 60 dias antes das eleições, não haverá lixo nas ruas nem lâmpadas queimadas nem calçamento solto ou buracos.

Mendigos e moradores de rua serão convidados a se mudar para albergues, e entidades assistenciais que servem refeições serão orientadas a levá-los "a comer em locais com higiene mais adequada".

"Não é a retirada [dos mendigos]. É simplesmente não abandonar essas pessoas, é procurar encaminhá-las para tratamento. Não é tirar daqui, e, sim, organizar", afirma o secretário das Subprefeituras, Andrea Matarazzo.

"Vai dar trabalho, mas é um convencimento que precisa ser redobrado", diz Almeida.

Assistentes sociais

Segundo Matarazzo, a prefeitura pretende aumentar o número de assistentes sociais na região para atrair os mendigos aos albergues e criou a coordenadoria da população de rua. "No tratamento, abre-se um horizonte até para trabalhar", completa o secretário.

Além da prefeitura, a medida tem apoio de empresas da região, como a BM&F Bovespa.
Para o coronel Álvaro Camilo, comandante do policiamento do centro, o comércio ambulante e a presença de camelôs promovem uma "desordem urbana que traz a criminalidade".

"Quando os policiais passam, não vêem a rua nem as lojas, tamanho é o número de camelôs. É um ambiente propício para o batedor de carteira", diz.

Transporte

Com circulação de 1,2 milhão de pessoas por dia, a região é fartamente servida de transporte público: além de três estações de metrô (São Bento, Sé e Anhangabaú), há conexões de ônibus em dois importantes terminais, o Bandeira, o parque dom Pedro 2º e o Pedro Lessa.

A região foi dividida em cinco microáreas, que serão monitoradas dia e noite por 20 agentes que informarão, em tempo real, os problemas do centro. Depois, a idéia é expandir a iniciativa para outras partes da cidade, como a praça da República.

Para o urbanista Gilberto Belleza, presidente do IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil), a revitalização passa pela ocupação e o uso residencial dos prédios, por meio de intervenções do poder público. "É preciso mais do que iniciativas. Elas precisam se concretizar", diz.

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