Pesquisa inédita mostra que 650 mil paulistanos sofrem de algum transtorno mental pós-agressão; problema já é de saúde pública.
Da redação
Pesquisa do Ibope e da Unifesp revela que 6% dos paulistanos sofrem algum transtorno mental decorrente da violência. Isso equivale a 650 mil dos 10,8 milhões de moradores da cidade. Desses, cerca de 15% (cerca de 90 mil) encontram-se em estado clínico grave.
O Destak teve acesso a dados do levantamento, que está em fase de conclusão e será apresentado no fim de semana no I Simpósio Internacional de Violência e Saúde Mental, na Unifesp.
O Ibope ouviu 3 mil pessoas em toda a cidade durante seis meses. Uma pesquisa similar é realizada no Rio de Janeiro.
Para Marcelo Feijó de Mello, professor da Unifesp que coordena o estudo em São Paulo, os dados revelam “um problema de saúde pública”.
Ele é especialista em estresse pós-traumático, característico de vítimas de violência. A maior parte dos pacientes que ele atende foi vítima de assaltos e seqüestros relâmpagos.
25% dos atendidos na Unifesp ficam afastados do trabalho
A Unifesp oferece, desde 2004, o Programa de Atendimento a Vítimas de Violência e Estresse (Prove), coordenado pelo professor Marcelo Feijó de Mello. Até hoje, foram atendidas cerca de 500 pessoas, das quais 25% chegaram a se afastar do trabalho devido à gravidade do transtorno.
O estresse pós-traumático caracteriza-se por três tipos de sintoma: revivência (o fato violento é lembrado), evitação (a pessoa deixa de ir a determinados lugares) e hiperativação (com problemas como insônia). Interessados no tratamento devem ir à rua Botucatu, 416, na Vila Clementino.