A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) vai estudar a possibilidade de ampliar os indicadores considerados na avaliação do Produto Interno Bruto (PIB), levando em conta aspectos sociais e ambientais. A idéia foi anunciada pelo presidente da Fiesp, Paulo Skaf, em uma entrevista coletiva para jornalistas. O objetivo é que a entidade possa apresentar sugestões de indicadores que devem ser considerados no cálculo do PIB.
O Produto Interno Bruto brasileiro é calculado pelo IBGE e leva em conta a soma (em dinheiro) de todos os bens e serviços finais produzidos no País no período de um ano.
Para Ladislau Dowbor, professor de pós-graduação em economia e administração da PUC-SP, “é extremamente positivo” o anúncio da Fiesp, porque “não haverá empresa saudável numa sociedade doente”.
O professor explica que o cálculo do PIB funciona como uma bússola que orienta a economia. “Quando há uma bússola que aponta para um local errado, o país vai para o lugar errado.” Isso significa que para o sistema produtivo gerar resultados que interessam à sociedade é preciso construir instrumentos de avaliação desses resultados.
Segundo Dowbor, a metodologia atual de medição do PIB foi desenvolvida nos anos 40, em um esforço de reconstrução da Europa no pós-guerra, como forma de medir a soma dos valores e custos de produção de bens e serviços. Portanto, restrita à área de atividades mercantis.
O professor afirma queo cálculo do PIB deveria levar em conta fatores como o esgotamento dos recursos naturais e os custos sociais (desemprego, segurança, condições de saúde e habitação) envolvidos nas atividades econômicas. Se a violência aumenta em uma região, por exemplo, mais pessoas gastam com equipamentos de segurança e isso gera números positivos para o PIB, mas não se reflete em bem-estar da população. “Se a gente não pensa nestes fatores a gente simplesmente mede a velocidade da economia, a taxa de crescimento do PIB, e esquece de medir para onde vamos”, comenta Dowbor.