Conselho Regional de Biblioteconomia avalia como inadequado serviço dos espaços de leitura
MARIA REHDER, maria.rehder@grupoestado.com.br
Inspeção feita pelo Conselho Regional de Biblioteconomia (CRB) em 40 escolas da rede pública estadual de São Paulo avaliou que o atendimento nas bibliotecas dessas instituições é inadequado. Entre os principais problemas estão a falta de bibliotecários, arquitetura imprópria e falta de informatização para organizar as obras. A escolha dos colégios fiscalizados foi aleatória e a lista com os nomes não foi divulgada.
A reportagem também visitou quatro colégios estaduais aleatoriamente e em nenhum deles encontrou uma biblioteca que estivesse aberta em todos os períodos de aula. Em duas das escolas visitadas, as bibliotecas estão fechadas temporariamente por causa de remanejamento de espaço para abrigar o Acessa São Paulo, novo programa do governo estadual que prevê a instalação de salas de informática. É o caso da Emília de Paiva Meira, na Zona Leste, onde o acervo está amontoado em uma sala trancada.
A Secretaria Estadual da Educação informou que as escolas não dispõem de bibliotecas, mas sim de salas de leitura, que podem ser coordenadas por professores. Entretanto, a pasta reconhece a necessidade de manter as salas de leitura em funcionamento. No ano passado, anunciou que contrataria estagiários para auxiliar os alunos. Ontem, a secretaria afirmou que o programa de contratação será lançado até o final deste ano.
Os estagiários vão ajudar também na informatização do acervo, já que 97% das escolas da rede receberam computadores para uso do exclusivo do espaço de leitura.
Atualmente, as escolas estaduais contam com professores readaptados – aqueles que foram afastados da sala de aula por problemas de saúde – para cuidar das bibliotecas. Mas esse atendimento não é garantido em todos os períodos, segundo o conselho.
Sobre o resultado da inspeção, a secretaria divulgou nota informando discordar do estudo. A pasta afirmou ainda que o número de escolas visitadas representa 0,75% das 5.537 unidades estaduais.
Das 40 bibliotecas visitadas pelo Conselho Regional de Biblioteconomia, 25 não têm computadores. Das 15 que tinham o equipamento, 4 estavam quebrados e 1 não tinha sido instalado. Em 37, os alunos têm de marcar hora para ter acesso aos livros; 3 estavam desativadas.
Segundo a presidente do CRB, Regina Celi de Sousa, faltam bibliotecários nas escolas para organizar o acervo e atuar em parceria com os professores.
A pedagoga do Centro de Estudo e Pesquisa em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec) Maria Amábile Mansutti afirma, porém, que não é necessariamente a contratação de bibliotecários que resolveria o problema. ‘Acho boa a idéia de contratar estagiários. O importante é garantir que sejam capacitados para organizar o acervo e dinamizar a leitura.’
O professor da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Ezequiel Theodoro da Silva discorda. ‘Enquanto não houver um cientista da informação ou bibliotecário, alguém que entenda do manejo da informação da escola, e enquanto a arquitetura não levar em conta a acomodação da biblioteca, o atendimento ao aluno será sazonal.’
Cidadão pode fazer denúncia sobre irregularidades
Qualquer pessoa que flagrar irregularidades em bibliotecas públicas ou privadas pode enviar denúncia para o Conselho Regional de Biblioteconomia (www.crb8.org.br).
Copyright © Grupo Estado. Todos os direitos reservados.