“Moradores e entidades defendem conservação” – O Estado de S.Paulo

 

Reurbanização da Lapa baixa divide as opiniões até na Câmara

Diego Zanchetta e Vitor Hugo Brandalise

Moradores e entidades como o Movimento Defenda São Paulo mostram-se contrários à exclusão dos 21 imóveis da Lapa do processo de tombamento no Conselho do Patrimônio Histórico de São Paulo (Conpresp). Para donos de casas vizinhas aos bens das década de 30 e 40, a demolição de galpões e casarões antigos vai acelerar a verticalização da região.

"Esses imóveis não entraram do nada em processo de tombamento. Houve várias audiências públicas, em que a comunidade lapeana manifestou o interesse em ver esses imóveis preservados. Nós somos totalmente contrários ao processo de verticalização do bairro", criticou a geógrafa Ros Mari Zenha, do Defenda São Paulo e integrante do Conselho de Desenvolvimento Sustentável da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente. "A Lapa é a bola da vez do mercado imobiliário. Por isso existe essa pressão pela exclusão dos galpões do tombamento."

Na Câmara Municipal, o projeto do Conpresp opõe os vereadores Juscelino Gadelha (PSDB), contrário ao fim do processo de tombamento, e Toninho Paiva (PR), atual representante do Legislativo no Conpresp e favorável à reurbanização da parte baixa da Lapa. Curiosamente, Paiva substituiu Gadelha no Conselho. O primeiro mostrava-se mais conservador e defensor do aumento no número de processos de tombamento. Já o parlamentar do PR defende preservações com poucas restrições – por isso foi favorável, por exemplo, à liberação de prédios mais altos na região do Piqueri, na zona oeste.

"O abandono dos galpões deteriora a área e afasta os investidores. Eu quero que essa área seja descongelada. Quando é um imóvel histórico e com alguma finalidade, o tombamento tem razão para ocorrer. Não é o caso desses imóveis da Lapa", avalia Paiva.

Gadelha, contudo, afirma que "a exclusão dos bens do processo de tombamento é conflitante com o pensamento da comunidade da Vila Romana e da Lapa". O tucano é autor do projeto (243/06), aprovado no Legislativo e ainda não sancionado pelo Executivo, que prevê a inclusão de 33 ruas da Vila Romana nas Zonas Especiais de Preservação Cultural (Zepecs).

MOOCA

Não é a primeira vez este ano que galpões do século passado, sobretudo do começo da era da urbanização paulistana, entram na pauta de discussão do Conpresp. Em fevereiro, o Estado revelou que empreiteiras com investimentos congelados em áreas tombadas pressionavam pela flexibilização das regras, menos de seis meses após a proibição de construir edifícios com mais de dez andares no entorno dos sete galpões centenários da Mooca. Uma proposta de revisão chegou a ser aprovada, mas a polêmica levou o conselho a vetar qualquer tipo de mudança no processo de preservação da área.

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