Juliana Belda – Projeto Repórter do Futuro
Estagnação do desenvolvimento a partir da década de 70, chegando à década de 90 em situação catastrófica: extrema desigualdade, desemprego, e geração bolsões de pobreza nas periferias. Essa descrição poderia ser facilmente atribuída a São Paulo, mas é de Buenos Aires, feita pelo professor da faculdade de arquitetura dessa cidade, Rodolfo Macedo.
Rodolfo conta que o processo de metropolização de Buenos Aires começou nas décadas de 40 e 50 de forma relativamente igualitária. Havia mobilidade social, promovida, principalmente, pela educação. O professor usa a frase “meu filho doutor”, como exemplo disso, pois mesmo migrantes que vinham de zonas menores, e menos privilegiadas tinham acesso à educação e à profissionalização.
Embora esse quadro tenha se alterado na década de 70 até 2003/2004, culminando em uma crise, foi essa conjuntura que trouxe ao povo vontade de restabelecer a ascensão social, explica Rodolfo.
“Buenos Aires tinha dinheiro, mas não tinha idéias, e os investimentos errados estavam causando problemas determinadas regiões”, diz o professor. Por isso, a Universidade de Buenos Aires resolveu interferir na gestão da cidade, juntamente com outras 300 organizações e a sociedade.
A região sul de Buenos Aires é o atual foco, trata-se de uma área carente: “não é questão de moradia, mas do contexto de exclusão que foi criado”, relata. Nesse local não há acesso à cultura, à educação, e sequer ao centro da cidade, complementa Rodolfo.
Para resolver esse entrave, rotas para o centro foram reativadas, como a reforma de uma estrada e de uma ferrovia. Além disso, houve avaliação das políticas públicas, para a promoção de saneamento básico. Ele enfatiza: “São importantes novos modelos de urbanização, a fim de não criar campos de concentração de pobreza”.
O professor Rodolfo Macedo esteve no encontro que reuniu convidados de cidades latino-americanas, no segundo dia do 1º Fórum Nossa São Paulo- Propostas para uma Cidade Justa e Sustentável.