Moradores da Zona Sul fazem propostas para orçamento de 2009

 

Foto: Marlene Franco
Foto: Marlene Franco

 

Se depender da vontade dos participantes da audiência pública realizada neste sábado, dia 8, na Subprefeitura do M’Boi Mirim, a proposta orçamentária da Prefeitura para os bairros da periferia da Zona Sul de São Paulo terá que ser ampliada. Lideranças comunitárias e moradores apresentaram mais de 100 reivindicações no primeiro debate regional promovido pela Comissão de Finanças e Orçamento da Câmara sobre a aplicação dos recursos da cidade em 2009.

Parte das demandas foi feita por escrito em formulário fornecido pelos organizadores. Cerca de 80, alguns com mais de uma reivindicação, foram preenchidos e entregues no evento. Além disso, diversas entidades sociais trouxeram documentos preparados com as solicitações para serem protocolados. Asfalto, construção de creches, iluminação, obras em vielas, urbanização de favelas e aumento de verbas para as subprefeituras estavam entre as solicitações.

A audiência foi presidida pelo vereador Milton Leite (DEM), relator do projeto de lei que trata do orçamento (PL 605/2008). Ele afirmou aos presentes que irá fazer alterações na proposta do Executivo para beneficiar a região. “Temos certeza que estaremos reforçando o orçamento das subprefeituras da Zona Sul”, garantiu o parlamentar que tem base eleitoral no M’Boi Mirim.

Milton Leite, entretanto, reclamou da ausência de subprefeitos no debate. “Fico triste com os que aqui não compareceram.” Das sete subprefeituras da região, apenas o titular de M´Boi Mirim, Cássio Freire Loschiavo, e do Jabaquara, Heitor Sertão, estavam presentes. Cidade Ademar e Capela do Socorro enviaram representantes.

De acordo com a proposta de orçamento encaminhada pelo Executivo à Câmara de Vereadores, em 2009 as verbas das subprefeituras da Zona Sul terão os seguintes valores (em milhões de reais):
Campo Limpo – R$ 42,9  
Capela do Socorro – R$ 40,9
Cidade Ademar – R$ 34,8
Jabaquara – R$ 30,6
M’Boi Mirim – R$ 43,7
Parelheiros – R$ 21,4
Santo Amaro – R$ 36,7

Não faltaram cobranças e reclamações por parte da população

Apesar de as audiências públicas não serem divulgadas em meios de comunicação de fácil acesso para a população, cerca de 150 pessoas participaram do debate. Algumas aproveitaram para reclamar do atendimento à saúde, da falta de creches e de equipamentos de esporte e cultura para os jovens.

Leia abaixo algumas reivindicações e reclamações de cidadãos que participaram do evento:

“Quanto às autoridades [subprefeitos] que não estão presentes, eu não desculpo. Nós, o povo, também temos muitas coisas para fazer e estamos aqui. Quando vai se inaugurar uma obra, o palanque fica cheio, os subprefeitos estão todos presentes. Na discussão do orçamento, eles também deveriam estar.”
“As UBS (Unidades Básicas de Saúde) da região só servem para medir a pressão e pegar preservativos e anticoncepcionais. Não é isso que queremos. Pedimos mais fiscalização da subprefeitura e da coordenadoria de saúde.”

Celso Sebastião dos Santos, da Associação Comunitária Alto da Riviera

"Tem um terreno grande, da EMAE, em frente à Fatec [Rua Frederico Grott]. Há muitos anos solicitamos que nesse espaço fossem construídas quadras esportivas, área de lazer, creche. Entretanto, estão destinando o local para a construção de uma Fundação Casa, que para quem não sabe é a Febem. Vão fazer lá para, quem sabe, colocar nela os filhos dos próprios moradores da região. O que queremos é prevenir. É evitar que nossas crianças tenham que ir para a Fundação Casa. Se nossas crianças e jovens tiverem espaço de cultura, de lazer, provavelmente para lá elas não vão.”
Nívia de Souza Cordeiro, moradora do Jardim Ibirapuera

“Esqueceram que nós, lá da Pedreira, não temos nenhum projeto habitacional. A região tinha 192 favelas até a semana passada. Agora tem 193, com a Favela da Fumaça [atrás do CEU Alvarenga]. Também faltam unidades de saúde no Jardim Miriam e no Pantanal.”
Bene de Oliveira, da Associação de Moradores do Jardim Miriam.  

“Há 40 anos assisto uma novela, que é a operação Águas Espraiadas. Moro na região [localizada no Jabaquara] há 50 anos e sempre ouvimos falar que a avenida vai sair. A população continua aguardando.”
José Luiz Ribeiro, da Associação Comercial – Distrital Jabaquara/Cidade Ademar

“O difícil é ter o equipamento e não poder usar. Estou falando do Hospital do M’Boi Mirim. É bonito, mas por diversas vezes fui lá e fiquei mais de quatro horas para ser atendido. Em uma delas, levei o meu filho e não tinha pediatra, o salão estava lotado. Não tem atendimento e a gente não tem para quem reclamar.”
José Carlos Leite Soares, presidente da Associação Cultural, Social e Esportiva dos Meninos do Parque

REPORTAGEM: AIRTON GOES airton@isps.org.br

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