Motor flex em veículos pesado permitirá reduzir emissão de poluentes


Fonte: Mercado Carbono e Movimento Nossa São Paulo

Uso do diesel com menos teor de enxofre aguarda resposta das indústrias

O Grupo Bosch anunciou no começo de março que está preparando o lançamento de um motor para veículos pesados com sistema flexível de combustível, que possibilita usar tanto o diesel quanto o gás natural.

O sistema permitirá que o motor passe a trabalhar com a mistura dos dois combustíveis (diesel e GNV), possibilitando redução de até 75% na emissão de poluentes, além de manter potência e torque do veículo que circula apenas com diesel. Na mistura, a injeção do diesel é reduzida ao mínimo possível, mas permanece necessária, pois o combustível é o responsável pela queima do gás e manutenção da temperatura na câmara de combustão. A substituição do diesel poderá atingir 90%. Na ausência do GNV, o sistema de injeção de gás é automaticamente desligado e o motor passa a operar no modo diesel.

A emissão de poluentes por veículos diesel é uma das principais responsáveis pela poluição nos grandes centros urbanos, como São Paulo. O diesel emite óxido de nitrogênio, hidrocarbonetos, monóxido de carbono, material particulado e fumaça. A adição de 5% de biodiesel ao óleo diesel reduz bastante essas emissões, mas provoca um aumento de 0,75% na liberação de óxido de nitrogênio (NOx), que em contato com a atmosfera forma o ozônio, gás que provoca problemas de saúde e é um dos principais responsáveis pela má qualidade do ar várias vezes por ano em São Paulo.

Segundo a Bosch, "testes realizados mostram que veículos que receberam o sistema DG flex apresentaram emissões totais inferiores às do motor original. A redução de particulados, por exemplo, chegou a 75%, o que representa um grande ganho ambiental, já que os particulados são o principal agente poluidor encontrado nos corredores de ônibus e caminhões das grandes cidades". E, rodando no modo diesel-gás, a economia de combustível pode chegar a 30%, garantem os fabricantes.

Redução da taxa de enxofre aguarda posição das indústrias

A tecnologia desenvolvida pela Bosch demonstra que, quando quer, a indústria consegue superar os problemas. Então, porque no Brasil ainda não conseguimos diminuir a taxa de enxofre do diesel?

A resolução 315/2002 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) determina que, até janeiro de 2009, o diesel comercializado no Brasil contenha, no máximo, 50 partículas por milhão (ppm) de enxofre. A proporção hoje é de 500 ppm nas regiões metropolitanas e de 2000 ppm no interior.

O enxofre, altamente cancerígeno, é responsável pela morte de 3 mil pessoas somente na capital paulista. Entre outras ações de mobilização sobre o assunto encaminhadas pelo Movimento Nossa São Paulo, foi realizado um debate que contou com a presença da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, do secretário estadual do Meio Ambiente de São Paulo, Xico Graziano, e do secretário municipal do Meio Ambiente de São Paulo, Eduardo Jorge.

Posteriormente, as quase 400 organizações que integram o Movimento Nossa São Paulo assinaram uma representação ao Ministério Público para que a resolução 315/2002 do Conama não sofresse alterações nem adiamentos. Três semanas depois, a ANP – Agência Nacional de Petróleo divulgou as especificações técnicas para o diesel 50 ppm. E, no final de novembro de 2007, a Petrobras anunciou que colocará à disposição no mercado o novo combustível – seja ele importado ou nacional – mas condicionou a medida à fabricação de motores novos. A Anfavea – Associação Nacional dos Veículos Automotivos ainda não se manifestou sobre o assunto.

 

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