Inspirado no Movimento Nossa São Paulo, foi criado na última segunda-feira, dia 24, numa reunião no salão paroquial da Igreja de São Miguel Arcanjo, em São Miguel Paulista, o Movimento Nossa Zona Leste. A nova entidade pretende entre outras atribuições: fiscalizar as ações dos governos municipal, estadual e federal, no que tange aos investimentos públicos na região; acompanhar o cumprimento dos programas de governo dos novos gestores públicos; opinar sobre possíveis modificações desses programas ao longo da gestão; e promover a mobilização cidadã com debates, de modo que cada munícipe se sinta também responsável pelo acompanhamento da execução do orçamento municipal de 2009 e do plano plurianual 2009/2012 da Prefeitura.
A reunião foi presidida pelo Padre Antonio Marchioni, o "Padre Ticão", da Igreja São Francisco de Assis – Ermelino Matarazzo, e contou com a presença de inúmeras lideranças comunitárias da Zona Leste. Na abertura foi feita a leitura resumida do Orçamento Municipal 2009 da Prefeitura por secretarias e por subprefeituras: Penha, Ermelino Matarazzo, Itaquera, São Miguel, Itaim Paulista, Guaianazes e Cidade Tiradentes – foco de atuação do movimento. Explicando o objetivo do Movimento Nossa Zona Leste, Padre Ticão disse: "O movimento é apartidário ou suprapartidário, o que queremos é acompanhar as metas do futuro governo Gilberto Kassab, com um objetivo muito claro: que a Zona Leste se desenvolva. É a primeira vez que vejo um movimento com uma articulação de forças tão grande, que faltava na nossa região, será formada uma comissão e a idéia é acompanhar a execução do orçamento municipal."
A presidente da Fundação Tide Setúbal, Maria Alice Setúbal, que também atua no Movimento Nossa São Paulo defendeu a participação popular na administração pública. "Ainda temos muito que aprender sobre democracia, mas hoje venho para cá muito satisfeita por ter participado da última audiência pública na Câmara Municipal que debateu o orçamento do ano que vem, o auditório estava lotado. As pessoas estão mais participativas e entendendo que não adianta só esperar pelos governos", enfatizou.
Wilson Araújo, do comitê executivo do Movimento Nossa São Paulo, rechaçou a idéia de que seu movimento seja elitista, como muitos apregoam. "Essa idéia distorcida é porque o Nossa São Paulo tem, entre seu corpo diretivo, muitos empresários e moradores de áreas nobres da cidade, mas na verdade o que queremos é sermos ouvidos quando da elaboração do orçamento e agora com esse núcleo aqui na Zona Leste, teremos força para lutar também por um orçamento melhor distribuído", disse.
Luiz França, morador de Ermelino Matarazzo pediu mais investimentos públicos na Zona Leste. "Fazendo uma conta simples, cada cidadão que elegeu Kassab deu a ele um cheque de R$ 3 mil para ser gasto no ano que vem. Esse cidadão precisa ter o retorno desse dinheiro com investimento, o problema é que em geral, os governos investem em outras regiões, principalmente quando se fala em construir museus ou universidades, veja o caso da UNESP (Universidade Estadual de São Paulo)", reclamou.
A universidade em questão tem 23 unidades no interior do estado é alvo de um abaixo-assinado encabeçado pela Igreja São Francisco de Assis, que pede a instalação de um campus na Zona Leste. No final do ano deverá ser inaugurado o primeiro campus da UNESP na Capital, na Barra Funda, Zona Oeste, em frente ao Terminal do Metrô.
No final, foram escolhidos os representantes por Subprefeitura do movimento, que serão empossados no dia 2 de fevereiro, na segunda reunião da entidade, às 20 horas, no mesmo local, onde poderão ser feitas novas inscrições. Em março, o fundador do Movimento Nossa São Paulo, Oded Grajew, deverá ministrar uma palestra aos membros do Movimento Nossa Zona Leste.
Francisco de Souza