“Um problemão feito de cacos de tijolos, cimento, ferro, areia…” – O Estado de S.Paulo

 

Redução de entulho e fiscalização de caçambas ilegais são desafios

A construção civil produz 17 mil toneladas de entulho por dia em São Paulo. A estimativa é da empresa de consultoria em gestão de resíduos Informações e Técnicas (I&T). Em média, 25% de cada tonelada de material é perdida nas obras. O ideal seriam 3%, mas, mesmo entre grandes empreiteiras, poucas conseguem atingir o índice.

Mesmo com tanto desperdício, os maiores produtores de entulho ainda são as pequenas construções e reformas – 80% do total desse tipo de resíduo. O pior dessa conta é que nem todas as sobras têm destino adequado. Boa parte é jogada nas ruas e até nos mananciais.

De acordo com o especialista em Gestão da Produção Ubiraci Souza, o excedente é resultado de erros de cálculo, produtos adquiridos em excesso e falhas na estocagem. “Perdas são inevitáveis, mas melhor gestão e capacitação da mão-de-obra reduzem a quantidade de materiais e os custos.”

O destino do entulho também sai caro. Quem produz mais de um metro cúbico ( equivalente a uma caixa d’água de mil litros) deve pagar pelo descarte, segundo o Plano Integrado de Gerenciamento de Entulho. “O valor do transporte dos materiais novos é o mesmo do transporte dos restos de obras”, diz Souza. Uma caçamba, com aluguel de R$ 160, em média, comporta 4 m³. Mais de 20 aterros e 10 áreas de transbordo e triagem recebem a maior parte dos resíduos.

Quem produz menos de 1 m³ de entulho pode descartá-lo gratuitamente em um dos 32 ecopontos da prefeitura – que recolheram 5 mil toneladas só no mês passado.

IRREGULARIDADES

A cidade ainda convive com o problema do descarte irregular. Cerca de 1.600 pontos viciados nas ruas degradam a paisagem urbana, comprometem a drenagem e facilitam a proliferação de ratos e insetos. “A prefeitura não tem medido esforços para recolher os resíduos, mas os locais mudam, dificultando a fiscalização”, diz o chefe de gabinete da Secretaria de Coordenação das Subprefeituras, Lacir Baldusco. Para o diretor do I&T, Tarcísio de Paula Pinto, a criação de mais ecopontos é a melhor alternativa. “A fiscalização faz mais sentido quando há uma
boa oferta de destinos oficiais para o entulho.” A meta da Prefeitura é ter 96 ecopontos.

Segundo o diretor do Conselho Nacional do Meio Ambiente, Nilo Diniz, São Paulo diminuiu o desrespeito às resoluções que disciplinam o manejo. “Mas ainda é preciso maior intercâmbio entre os municípios sobre as boas práticas.”

A fiscalização de caçambas enfrenta problemas, apesar das 757 apreensões deste ano, 68% a mais que em 2007.

Quase metade das 29 mil caçambas cadastradas está irregular, com pendências como falta de documentos e dívidas com multas. O supervisor de Fiscalização do Departamento de Limpeza Urbana, Antônio Edison Martins da Silva, admite que o efetivo é pequeno – são oito fiscais para 44 mil ruas – e reclama da falta de ação coordenada entre vários órgãos.

As caçambas irregulares, que cobram 30% a menos, são impedidas de descartar nos aterros públicos e, somadas às clandestinas, contribuem para o despejo ilegal e agridem o meio ambiente. Dono de empresa cadastrada no Limpurb, Emerson da Silva denuncia a concorrência desleal. “Os ilegais não têm encargos e isso dificulta nosso trabalho.”

Ele diz lucrar R$ 16,50 com cada caçamba.

Denúncias: Alô Limpeza, telefone 156
Empresas de caçambas cadastradas: www.limpurb.sp.gov.br

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