“Uma metrópole de desigualdades” – O Estado de S.Paulo

 

Muita riqueza. E muita pobreza. Sobra contraste social em São Paulo. A segunda maior frota de helicópteros do mundo está na mesma cidade onde ocorrem 8 milhões de embarques em ônibus todos os dias. O município detém cerca de 12% da riqueza nacional, com o maior PIB do País: R$ 263 bilhões, em 2005, de acordo com os dados mais recentes da Fundação Seade e do IBGE. Esses recursos, porém, não estão igualmente distribuídos.

O mercado de luxo movimenta R$ 5 bilhões ao ano no País, sendo 70% desse total no Estado, segundo a MCF Consultoria e Conhecimento. Nesse segmento da população, a renda mínima familiar é de R$ 22 mil. Enquanto isso, 2,3 milhões de pessoas recebem R$ 772 por mês, a menor média salarial da cidade, conforme a Seade. “Há duas São Paulo, divididas por um muro invisível”, diz o sociólogo Arnaldo Eugênio.

Moradora do lado mais pobre dessa divisão, no Jardim Ângela, Isana Gomes, de 21 anos, tem no desemprego sua maior preocupação. “Aqui não há opção, a gente trabalha no que aparecer. Escolher é para quem fez faculdade e olhe lá”, diz Isana, que tem ensino fundamental incompleto. Como ela, cerca de 15% da população paulistana está sem trabalho.

Segundo Eugênio, os problemas dos mais carentes vão além disso. “Há uma política de punição da pobreza. Em vez de escolas de qualidade máxima, temos presídios de segurança máxima. A vida social é comprometida, pois os ônibus param de circular à meia-noite, sem falar na repressão policial e no estigma da violência.”

SEM LIMITE

Na outra São Paulo, R.M.Z, de 48 anos, que não quis se identificar, é vendedora de uma loja de alto padrão e consumidora desse mercado. Segundo ela, há um apelo para que se viva em uma “ilha da fantasia” de consumo e luxo, que atrai até mesmo sua filha, de 20 anos. “Tento colocar os pés dela no chão, mas vejo que outros valores são mais importantes para ela.”

São Paulo é a única cidade, fora dos Estados Unidos, com três joalherias Tiffany, além de uma das lojas Louis Vuitton que mais vendem no mundo. Para o professor do MBA em Gestão do Luxo da Faap, Jair Marcatti, o público desse mercado procura símbolos no consumo para se legitimar. “São Paulo não é uma cidade de luxo, mas de alta renda.”

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