A diferença de renda entre mulheres e homens reduziu 10% entre 1996 e 2007. Nesse ritmo, o Brasil pode levar 87 anos para equiparar os salários, se as políticas de igualdade de gênero não forem aceleradas. O rendimento do homem branco é em média de R$ 1.278 mensais e a mulher branca tem remuneração mensal média de R$ 797. Já na comparação entre as pessoas da raça negra, o homem ganha em média R$ 649 por mês, enquanto a mulher recebe R$ 436.
As informações fazem parte da pesquisa Retrato das Desigualdades de Renda e Raça, realizada pela Secretaria Especial de Política para as Mulheres, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem). O estudo analisou 11 blocos temáticos sociais para traçar um perfil das desigualdade de raça e gênero no país. Entre os aspectos analisados estão mercado de trabalho, população, saúde, habitação e Previdência Social.
"É preciso uma mudança cultural. Identificar políticas de enfrentamento de desigualdades de gênero e raça exige políticas governamentais. Há muito o que ser feito no âmbito das prefeituras e do Poder Legislativo", observa o presidente do Ipea, Márcio Pochmann.
Segundo o levantamento, entre 1996 e 2007, a proporção de brancos pobres caiu de 29,6% para 19,7% (9,9 pontos percentuais). A redução da proporção de negros e pardos foi de 15 pontos percentuais. Apesar da melhora, a pesquisa revela que os negros representam 67,9% dos 10% mais pobres da população (dados de 2007). O percentual cai para 21,9% no segmento dos 10% mais ricos. No grupo dos 1% mais ricos da população, apenas 15,3% são negros. A pesquisa conclui que os dados revelam uma permanência da desigualdade no País.
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