”Objetivo é dobrar número de ciclistas até 2015” – O Estado de S.Paulo

 

Ela defende a tese de que os meios de transporte de grandes cidades têm profunda ligação com a qualidade de vida

Camila Viegas-Lee

Desde que a comissária Janette Sadik-Khan assumiu o comando do Departamento dos Transportes em Nova York, há 35% de ciclistas a mais nas ruas da maior metrópole americana. Em 27 de abril de 2007, Janette embarcou numa política agressiva para melhorar a qualidade do ar, a mobilidade e os espaços públicos. Para ela, o sistema de transporte de cidades como Nova York ou São Paulo está tão ligado à condução quanto à qualidade de vida.

Um dos desafios do Departamento dos Transportes é a falta de estacionamentos para bicicletas. Duas leis em estudo poderiam aliviar o problema: permitir o acesso de bicicletas em estacionamentos de prédios comerciais e criar um estacionamento para bicicleta a cada dez para carros.

Em busca de soluções para as questões de transporte, Janette tem visitado diversas cidades. Em dezembro, esteve em São Paulo para a Conferência Internacional Urban Age, sobre o futuro das cidades. Em entrevista ao Estado, falou sobre economia, ecologia e a amiga bicicleta.

Os entusiastas dizem que Nova York é perfeita para bicicletas. Os críticos dizem que é loucura pedalar ao lado dos famosos taxistas da cidade. Como surgiu a ideia de investir em um programa de bicicletas para a cidade?

Nova York é relativamente plana e a maior parte das viagens é menor do que três quilômetros. Ir para o trabalho de bicicleta é uma maneira saudável, econômica, ecológica e divertida de curtir a cidade. E menos do que 1% da população pedala como transporte diário, portanto temos uma ótima oportunidade para aumentar essa porcentagem. Nosso objetivo é dobrar o número de ciclistas até 2015. Alguns dizem que a bicicleta é uma forma alternativa de transporte. Acho que é fundamental.

Desde que a senhora assumiu, a extensão de ciclovias passou de 350 km para 675 km. O que mais faz parte do plano de dobrar o número de ciclistas até 2015?

Lançamos a campanha Look, com o objetivo de educar ciclistas, motoristas e pedestres para respeitarem um ao outro. Além disso, distribuímos 20 mil capacetes e 1.500 campainhas e luzes para bicicletas, essenciais para evitar acidentes.

Quais os maiores desafios dessa meta?

Mudar como as pessoas veem suas ruas. Para elas, o melhor que se pode esperar é permitir um rápido acesso do ponto A ao ponto B. Essa mentalidade prioriza carros e não é uma maneira sustentável de lidar com o aumento da população. Haverá mais 1 milhão de habitantes em Manhattan em 2030 (hoje há 8,2 milhões). Devemos considerar todos os usuários: pedestres, passageiros de ônibus, motoristas e ciclistas. Isso beneficiaria todo mundo. A dificuldade é alcançar o ponto em que todo mundo muda de mentalidade e se dá conta de que pedalar é a maneira mais fácil e segura de ir de um lugar ao outro.

Se tivesse de bolar um programa para incentivar o uso de bicicletas em São Paulo, quais seriam os passos?

Desenvolver projetos de integração com o transporte público. Incluir estacionamentos de bicicletas em estações de metrô, por exemplo. E, acima de tudo, manter conversa constante com o público para mostrar como é mais vantajoso do que usar carros.

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