A redução do enxofre no diesel brasileiro – EDITORIAL

 

Desde o início de janeiro, os ônibus das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro estão circulando com um diesel de 50 ppmS de enxofre (importado de outros países) em vez do combustível com 500 ppmS utilizado até o ano passado. É um avanço que salvará a vida e preservará a saúde de muitas pessoas nestas cidades. E isso só foi possível graças ao apoio e à mobilização de centenas de organizações, pessoas e alguns governos municipais e estaduais (veja abaixoassinado, cartas enviadas e comunicado à imprensa).

Por outro lado, este passo é ainda bastante tímido e muito distante do que deveria e poderia ser efetivado. De acordo com a resolução 315/02 do Conama, desde o primeiro dia de janeiro deste ano deveríamos ter à disposição o diesel mais limpo em todo o Brasil, abastecendo ônibus e caminhões. Pela lei, na mesma data, a indústria automobilística deveria começar a fornecer motores menos poluentes, a exemplo do que faz na Europa, Estados Unidos e em outros países. Nestas regiões, o diesel contém atualmente entre 10 e 15 ppm de enxofre. O acordo judicial firmado no âmbito do Ministério Público Federal em São Paulo acabou permitindo que apenas em 2014 teremos o diesel com 50 ppmS nas regiões metropolitanas (25% do total) e 500 ppmS no restante do País. Uma nova resolução do Conama, elaborada também após uma grande pressão da sociedade, determina que, a partir de 2012, seja finalmente fornecido o diesel com 10 ppm de enxofre. Mas a determinação só vale para ônibus e caminhões novos (da chamada geração Euro V), desta vez com tecnologia semelhante à utilizada nos países de origem das multinacionais que operam no Brasil.

Esta situação não deve contentar a todos os que se preocupam com o meio ambiente e a saúde pública. Por isso, a contínua mobilização da sociedade será muito importante para que no Brasil, onde operam grandes e importantes empresas petrolíferas e automobilísticas, detentoras de muitos recursos e altos conhecimentos tecnológicos, tenhamos veículos e combustíveis no mesmo padrão de dezenas de outros países desenvolvidos e em desenvolvimento. Somente assim a saúde e a vida de milhares de brasileiros, especialmente idosos e crianças, poderão ser preservadas.

Leia: "Ônibus de São Paulo e Rio de Janeiro já circulam com diesel menos poluente" – Agência Brasil  

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