A palavra metrópole vem do grego "cidade mãe". Um dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs) lançados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) será responsável por estudar "cidades mães" como São Paulo, Salvador, Rio de Janeiro, Cidade do México e Bombaim. É o Centro de Estudos da Metrópole (CEM), coordenado pelos professores Nadya Guimarães e Eduardo Marques da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. Nos três primeiros anos, o investimento no grupo será de R$2,3 milhões.
Desde 2000, o Centro desenvolve pesquisas nas áreas de sociologia, ciência política, antropologia, demografia, urbanismo e comunicação, sempre analisando as metrópoles, e principalmente São Paulo. Outros projetos importantes estão nas áreas de difusão e transferência do conhecimento, produção de revistas, documentários e cursos. O CEM também faz parte do projeto de Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.
O diretor do Centro e vice-coordenador do Instituto, Eduardo Marques, professor da FFLCH, considera o INCT como "uma diversificação do financiamento". Nos próximos três anos, o CEM pretende aprofundar a comparação de São Paulo com outras metrópoles do País e do mundo. "Nosso foco é São Paulo, mas queremos ampliar o estudo dos processos que cercam e explicam a desigualdade social na metrópole", explica Marques.
O Centro tem como foco principal o estudo das desigualdades, organizado em torno de três áreas principais de pesquisa: Mercado de Trabalho, os mecanismos de procura de emprego e os efeitos dos atributos sociais mais importantes, como escolaridade, raça e cor, no acesso às oportunidades de trabalho; Condições de vida, o Estado e as Políticas Públicas, o impacto das políticas públicas sobre as condições de vida na cidade, especialmente para os grupos sociais mais pobres; e, por fim, Sociabilidade e a Vida Urbana, a relação das condições de vida, desigualdade e pobreza com as redes sociais, associações, família e religião.
Difusão e transferência
Em parcerias mantidas com a Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, com o Sesc e com a TV Cultura, já foram produzidos curtas sobre a situação das metrópoles, agora serão produzidos documentários de longa duração.
O orçamento do projeto prevê a compra de equipamentos para a produção de documentários. Há um projeto de longo prazo sobre a Cidade Tiradentes, que começa em 2009 e resultará em dois documentários em longa-metragem: um será conluído este ano e outro será realizado entre 2009 e 2010. Há ainda, um terceiro filme, de média-metragem, do projeto Diferentes Pobrezas, a ser iniciado e concluído no ano de 2011. O Centro também mantém a publicação trimestral DiverCIDADE.
Na área de transferência de tecnologia, o CEM mantém um software livre de geoprocessamento, criado em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O Terra View – Política Social permite a visualização e exploração de dados geográficos e faz parte da política de acesso público a esse tipo de dados do Centro. "O grupo foi o primeiro a abrir esse tipo de dados para o público", afirma o professor.
O CEM também produz e distribui bases de dados georeferenciadas em parceria com a Fundação Seade e oferece cursos, principalmente para o setor público. Em 2009, o Centro será o responsável por organizar o Encontro das seções sobre cidades da Associação Internacional de Sociologia, que no ano passado aconteceu no Japão.