Maioria dos paulistanos considera a vida ‘muito interessante’; violência e criminalidade lideram aspectos negativos

 

A 2ª edição da Pesquisa “Viver em São Paulo” divulgada nesta quinta-feira (22/1), às vésperas do aniversário da cidade revela um diagnóstico da percepção dos que vivem na cidade sobre os mais variados aspectos da administração municipal e dos serviços públicos oferecidos.  A iniciativa é do Movimento Nossa São Paulo e a realização, do Ibope.

No levantamento foram realizadas quase 200 questões com 1.512 moradores da cidade com 16 anos ou mais, entre os dias 18 e 29 de novembro. Em alguns tópicos, as conclusões foram recortadas por faixa de renda familiar e por região da cidade.

O ranking das instituições mais confiáveis, a avaliação do atual prefeito e as subprefeituras melhores e piores avaliadas estão entre as conclusões apresentadas. A margem de erro máxima é de 3 pontos percentuais para cima ou para baixo.

Veja a apresentação resumida da pesquisa

Veja a íntegra da pesquisa

Alguns destaques dos resultados da pesquisa

Sobre realização pessoal:

63% dos entrevistados consideram sua vida “muito interessante”;

49% afirmam experimentar “momentos de alegria intensa” frequentemente e outros 38%, às vezes;

41% dizem que “normalmente realizam aquilo que querem” “a maior parte do tempo” e, para 52%, isso só acontece “às vezes”;

Comparando com o passado, 60% consideram sua vida “muito feliz” e 34%, “mais ou menos feliz”;

26% afirmam que “ter dinheiro” os tornaria mais realizados. “Ter um emprego melhor” aparece em segundo lugar, com 16%, seguido por “conviver com a família” (13%) e “cuidar mais da saúde” (12%).

** Diferenças por faixa de renda: Em todas as medidas de realização pessoal, a satisfação é mais positiva quanto maior a renda do entrevistado. Além disso, quando questionados sobre o que os faria ser uma pessoa mais realizado, em comparação com o entrevistados das outras faixas de renda, aqueles com renda até dois salários mínimos citam mais  “ter um emprego melhor”.

48% dos entrevistados dizem que se “incomodam muito” com a grande desigualdade social em São Paulo. 17% dizem que se incomodam, “mas não muito” e 33% afiram não se incomodar “porque já se acostumaram com a realidade”.

Sobre a vida em São Paulo:

26% dos entrevistados afirmaram que as “oportunidades” que a cidade oferece é o aspecto mais positivo da vida na capital paulista. Em segundo lugar ficou “mercado de trabalho” (16%), seguido por  “lazer e entretenimento” (13%);

“Violência” e “criminalidade” lideram o ranking dos aspectos negativos da cidade, com 58%. Em seguida aparece o “trânsito”, com 12%.

Quando o assunto é “medo”, o item “violência em geral” está em primeiro lugar para 78% dos entrevistados.  Em seguida, outros aspectos também relacionados à violência, como: “assalto/roubo” (57%), “tráfico de drogas” (37%) e “sair à noite” (17%);

**Diferenças regionais: Das situações que fazem com que os moradores tenham mais medo em seu dia-a-dia em São Paulo, apesar do ranking ser o mesmo, destacam-se por serem mais citados o tráfico de drogas nas Zonas Oeste, Leste e Norte; e assaltos/ roubos nas Zonas Oeste e Leste. Quanto à ocorrência de agressões, assaltos e roubos não são percebidas diferenças entre as regiões e nem entre entrevistados de diferentes faixas de renda.

Comparando com a 1ª edição da pesquisa, a nota média para a cidade de São Paulo permanece exatamente a mesma: 6,5;

Os paulistanos estão mais orgulhosos por morar na cidade: na pesquisa anterior, 44% diziam ter “muito orgulho” por viver na capital paulista. Agora, o resultado subiu para 51%. Os que sentiam “um pouco de orgulho” caíram de 38% para 34%;

Para 61% dos entrevistados, a cidade está “no caminho certo”. Na edição anterior, o resultado era 53%.

Diminuiu de 55% para 46% o percentual de entrevistados que sairiam da cidade se tivessem a chance de morar em outro lugar.

Mobilidade urbana

O tempo médio de deslocamento na cidade para realização da atividade principal (trabalho ou estudo) é de 1h27. E considerando todos os deslocamentos feitos pela cidade, o tempo total diário gasto, em média, é de 2h47.

** Diferenças regionais: tanto no deslocamento para o trabalho ou estudo quanto nos deslocamentos em geral, para os que moram Zona Leste o tempo gasto é maior – 1h37 no primeiro caso e 3h03 no segundo.

19% dos entrevistados utilizam “todos os dias” o automóvel para se locomover pela cidade. 11% deles afirmam usar “quase todos os dias”; 25%, de “vez em quando”; e 16%, “raramente”. Desse total, 44% afirmam que “com certeza deixariam de usar o carro” se houvesse uma boa alternativa de transporte público.

Sobre as demais formas diárias de locomoção, “a pé” aparece em primeiro lugar, com 39% das respostas, seguida por ônibus (18%), lotação (8%), metrô (7%), e trem e bicicleta, ambos com 2%.

Administração municipal

70% dos entrevistados acreditam que os investimentos públicos feitos na cidade de São Paulo estão voltados para a população mais rica. Na edição anterior da pesquisa, esse resultado atingia 77% dos entrevistados.

76% acham que a aplicação dos recursos do orçamento da cidade atende principalmente aos interesses de políticos, contra 87% na pesquisa lançada no ano passado. E 87% ainda acreditam que há muita corrupção na política em São Paulo, contra 95% na edição anterior.

Quanto à eficiência das instituições públicas, 68% estão “totalmente insatisfeitos” – na primeira pesquisa, eram 74%. Sobre transparência na administração pública municipal, 71% se dizem “totalmente insatisfeitos”, contra 79% na edição anterior.

Subprefeituras

Subprefeituras com índices acima da média para avaliação “ótima e boa”: Sé (53%), Pinheiros (49%) e Capela do Socorro/Cidade Ademar (48%). Subprefeituras com índices acima da média para avaliação “regular”: Freguesia do Ó/ Brasilândia/ Perus (58%), Santana/ Tucuruvi (48%), São Mateus/ São Miguel (46%), Jaçanã/ Tremembé/ Vila Maria / Vila Guilherme (45%) e Itaim Paulista/ Cidade Tiradentes/ Guaianases (45%). Já as subprefeituras com índices acima da média para
avaliação “ruim/ péssima”: Santo Amaro/ Vila Mariana (25%) e Campo Limpo (22%).

Considerações finais

A pesquisa mostra poucas mudanças em relação à primeira medida, realizada em janeiro de 2008. A cidade de São Paulo, em seu conjunto, continua com uma imagem positiva entre seus habitantes, apresentando pequena melhora em alguns indicadores.

Aumenta também a satisfação com aspectos relacionados à atividade econômica/emprego e carreira, em decorrência do momento econômico do País, reforçando também a percepção de São Paulo como um lugar de oportunidades.

Entre os indicadores avaliados, a melhora mais significativa é observada nas atividades culturais e de lazer: a média geral dos itens avaliados sobe 1,1 ponto percentual (de 4,2 para 5,3), mas ainda está abaixo da média da escala utilizada (5,5). Essa percepção mais positiva pode estar ancorada num maior acesso da população a essas atividades:

Sobe de 71% para 79% os que declaram ter áreas verdes próximas de sua casa;

Sobe de 70% para 78% os que têm parque ou praça próximos ao local de moradia;

O mesmo ocorre com relação à quadra esportiva: hoje 71% têm o equipamento próximo de casa (contra 64% em janeiro/08);

Aumenta a freqüência: entre as atividades pesquisadas, sobe de 79% para 86% os que declaram ter realizado pelo menos uma delas nos últimos 12 meses.

No entanto, a percepção sobre as demais áreas e serviços oferecidos na cidade de São Paulo pouco se altera. Os serviços considerados essenciais permanecem com notas abaixo da média:

Saúde pública: 4,7 (era 4,2);

Segurança pública: 4,5 (era 4,2);

Educação pública: 5,1 (era 4,9);

Transporte público: 5,3 (mesma avaliação obtida em janeiro).

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