Fórum Social Mundial pretender oferecer respostas à crise mundial


O colapso do sistema financeiro e a crise mundial do capitalismo. O aquecimento global e as tão necessárias fontes de energias renováveis. A guerra no Oriente Médio e a importância do diálogo entre os povos. Temas como esses – que hoje dominam as pautas da imprensa e as agendas do poder público e dos mercados – já norteavam as discussões de milhares de pessoas desde o primeiro Fórum Social Mundial (FSM), em 2001, em Porto Alegre (RS). Hoje, no dia em que é inaugurada a 9ª edição do maior encontro da esquerda internacional, a constatação é de que a tragédia anunciada nunca esteve tão presente na vida de todos, sem distinção de raça, credo ou tamanho do PIB.

“Ninguém mais duvida de que a denúncia que fazíamos sobre os perigos que a natureza e a humanidade corriam com o capitalismo desenfreado tinha fundamento. Nossas previsões, infelizmente, se confirmaram”, afirmou Rafaela Bolini, do Fórum Social Europeu, durante a coletiva de imprensa de abertura do evento nesta terça-feira, em Belém, no Pará. Segundo ela, o desafio agora é garantir a pluralidade, a diversidade e apresentar respostas. “As pessoas estão perdidas em meio à crise. O FSM pode construir uma alternativa, pressionar”, defendeu. Bolini também destacou a inversão de papéis que marca uma nova forma de ação: “Nós, europeus, estamos aqui na Amazônia pedindo apoio, solidariedade. Agora é a nossa vez de pedir ajuda”.

Oded Grajew, idealizador e membro do Conselho Internacional do FSM, destacou que o grande objetivo do Fórum é criar consciência sobre as doenças que contaminam o mundo. “É um processo que visa mobilizar a sociedade civil para que um outro mundo seja possível. Em Davos [onde é realizado, também nesta semana, o Fórum Econômico Mundial], somos vistos apenas como consumidores, e não como cidadãos. E, ao contrário do que se prega lá, existem alternativas sim”, enfatizou Grajew.  Ele lembra que a falta de recursos foi sempre o principal argumento para que as saídas propostas durante as edições do FSM fossem consideradas inviáveis. Mas que os recursos liberados para tentar amenizar a crise financeira provam que a solução dos problemas é uma questão de escolha, não de dinheiro: “Os trilhões doados para ajudar os bancos seriam mais do que suficientes para acabar com a fome no mundo, com a pobreza. Mas a opção não foi pelas pessoas, pelo bem-estar da humanidade”.

A participação da imprensa no FSM ganhou destaque dos organizadores, que chamaram a atenção para a riqueza de conteúdo e a pluralidade de vozes e assuntos que caracterizam o encontro. “As fofocas, os namoros, os bastidores da participação dos políticos, são assuntos que fazem parte do Fórum. Mas a mídia não pode restringir sua cobertura a isso. É uma oportunidade de darmos espaço a grandes idéias que podem fazer toda a diferença”, alertou Oded Grajew. Chico Whitaker, da Comissão Brasileira de Justiça e Paz e membro do Conselho Internacional do FSM, também deu o recado aos jornalistas: “a imprensa sempre busca resultados. A partir de quinta-feira (29) haverá um espaço exclusivo para abrigar as conclusões das oficinas, as alternativas apresentadas. E no domingo (1/2), último dia do encontro, faremos uma grande assembléia de convergência para lançamos novas campanhas, ações concretas”.

Até a manhã desta terça-feira, o FSM 2009 já contabilizava 92 mil inscritos que participação de 2.310 atividades autogestionadas, ou seja, organizadas pelos próprios participantes. As plenárias, painéis e oficinas começam oficialmente nesta quarta (28/1) dia que será dedicado à Pan-Amazônia e terá como tema "500 anos de resistência, conquistas e perspectivas afro-indígena e popular".

Leia também: "Nossa  São Paulo marca presença no Fórum Social Mundial"

Compartilhe este artigo