Luanda Nera
O seminário “Conexões Sustentáveis: São Paulo-Amazônia”, promovido pelo Movimento Nossa São Paulo e pelo Fórum Amazônia Sustentável, não ficou restrito às plenárias realizadas nos dias 14 e 15 de outubro do ano passado. A iniciativa gerou desdobramentos e a meta é torná-la permanente, com o objetivo de acompanhar as parcerias e compromissos firmados durante o evento.
Uma das ações é a assinatura do compromisso assinado pelos candidatos ao segundo turno das eleições municipais de São Paulo, dentre eles o prefeito reeleito Gilberto Kassab, de considerar o desenvolvimento sustentável da Amazônia em todas as compras públicas. “Todo o conteúdo que foi apresentado durante o seminário, incluindo a pesquisa ‘Quem se beneficia com a destruição da Amazônia?’, deve servir como instrumento de mudança, de pressão por políticas públicas”, explicou Oded Grajew, durante apresentação da iniciativa no Fórum Social Mundial, em Belém (PA).
Caio Magri, do Instituto Ethos e do Fórum Amazônia Sustentável, lembrou que o acordo assinado pelo prefeito prevê a apresentação (em até 90 dias após a posse) de um diagnóstico de como o governo municipal se relaciona com as cadeias produtivas em suas compras. Esse relatório deve incluir, ainda, propostas de políticas públicas que mensurem como as ações podem impactar o desenvolvimento sustentável da Amazônia. “O Movimento Nossa São Paulo terá um papel fundamental nesse processo, monitorando o poder público, fiscalizando a execução do compromisso firmado com o prefeito”, ressaltou Magri.
Outra iniciativa lançada durante o seminário foi a firmação de pactos empresariais nas cadeias produtivas da madeira, soja e pecuária. Atualmente, cerca de 25 empresas são signatárias de cada um deles. “Essas empresas, em suma, se comprometem a não fechar negócio com fornecedores que façam parte da lista suja do trabalho escravo ou que mantenham suas produções em áreas embargadas pelo Ibama. São informações de fácil acesso, ferramentas fundamentais para quem realmente não quer contribuir com o desmatamento da Amazônia”, detalhou Magri. Ele relatou ainda a formação de comitês de acompanhamento para cada pacto que, durante o período de um ano a partir de outubro passado, vai acompanhar e orientar os signatários.
Os comitês são formados por organizações da sociedade civil (como Instituto Socioambiental, Imaflora, Akatu, Instituto Ethos) e por empresas (Wal-Mart, Carrefour e Pão de Açúcar). “A idéia é criar um código de conduta e estabelecer grupos de trabalho para cada um dos pactos. Com isso poderemos analisar os problemas específicos de cada cadeia produtiva e contribuir para o cumprimento efetivo dos acordos firmados”, concluiu Magri.