“Obra em escola é interrompida” – Jornal da Tarde

 

Após queixas de pais, Secretaria da Educação desiste de erguer salas de madeira em quadra

Fábio Mazzitelli, fabio.mazzitelli@grupoestado.com.br

Sob pressão da comunidade, a Secretaria Estadual da Educação anunciou ontem a interrupção da construção de quatro salas de aula de madeira na quadra poliesportiva da Escola Estadual Ayres Neto, em Pedreira, na zona sul.

Para as classes de madeira, seriam transferidas cerca de 300 crianças – alunos de 3ª e 4ª séries que estudavam das 11h às 15h na Escola Estadual Francisco Alves Mourão. Os estudantes agora serão encaminhados para outro colégio estadual da região, a Escola Estadual Eusebio de Paula Marcondes, no Jardim Santa Cruz. A Secretaria da Educação afirmou que o novo endereço possui condições de atender à nova demanda e informou que vai garantir o transporte escolar gratuito, por meio de ônibus que sairão da frente da escola de origem do grupo.

O recuo do governo ocorreu um dia após pais, professores e alunos da Ayres Neto divulgarem a tentativa de improviso na escola estadual e, em assembléia comunitária, se posicionarem contra as salas de aula de madeira. A obra limitava o serviço de merenda, além de fechar a quadra e interditar a entrada do laboratório de ciências. No total, ao longo do ano, seriam erguidas 12 classes de madeira para abrigar os alunos da E.E. Francisco Mourão.

“A dirigente (de ensino da região) disse para mim que não queria mais ‘escândalo’ e que voltaria atrás. Não havia nem banheiro funcionando, o mínimo para uma escola. O governo planejou mal e também errou na forma de fazer”, diz o professor Pedro Paulo de Carvalho, da Ayres Neto.

Hoje, segundo a Secretaria Estadual da Educação, a mudança de planos será comunicada aos pais dos cerca de 300 alunos da Francisco Mourão, que devem passar a frequentar a escola Eusébio de Paula Marcondes a partir de amanhã. A pasta não informou em que locais os estudantes seriam instalados ou se também haveria improvisação no novo endereço.

Até ontem, todos os alunos da Francisco Mourão estudavam em esquema de rodízio, com apenas duas horas de aulas por dia.

A construção de classes em espaços improvisados foi um recurso usado pelo governo estadual para acabar com o “turno da fome”, período intermediário de aulas das 11h às 15h. Apoiado também na transferência de alunos para escolas longe de suas casas, o número de unidades com o turno da fome caiu de 53 em 2008 para “20 a 21” este ano, diz o governo.

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