O caos vivenciado pela cidade de São Paulo na terça-feira (17/3) foi o principal assunto da sessão de ontem (18/3) na Câmara Municipal. Vereadores da oposição e da situação se revezaram na tribuna para falar sobre a enchente, que atingiu várias regiões da cidade e provocou cerca de 210 quilômetros de congestionamento. Em diversos pronunciamentos ficou explicita ou implícita uma pergunta: quem é responsável pelo problema?
“Temos que fazer essa discussão sem paixão partidária, mas não podemos aceitar que a culpa pela enchente é só da chuva”, argumentou Alfredinho (PT). Segundo ele, algumas providências podem e devem ser tomadas pela prefeitura. “A coleta de lixo, por exemplo, está muito ruim. Na periferia o caminhão [que recolhe o lixo] não tem hora para passar.” Os sacos de lixo levados pela correnteza das chuvas provocariam o entupimento das bocas-de-lobo, dificultando o escoamento das águas.
Falando em nome da liderança do PT, o vereador João Antonio também responsabilizou o prefeito Gilberto Kassab (DEM) por parte do problema: “É verdade que a cidade tem problemas estruturais, um deles é a impermeabilização do solo. Porém, é só você andar pela cidade para verificar que aqueles serviços mínimos de manutenção não estão sendo feitos, como é o caso da limpeza dos bueiros.”
O parlamentar reforçou a denúncia contra as deficiências da limpeza pública. “Basta ver a quantidade de lixo que é carregada pela correnteza para os córregos e bueiros.” Na avaliação de João Antonio, a atual administração municipal está padronizando as enchentes em São Paulo: “Antes, o problema acontecia em algumas regiões. Hoje, está atingindo locais onde nunca houve enchentes.” Na terça-feira, a cidade teve 60 pontos de alagamento.
Um dos defensores do prefeito no debate foi o líder do governo na Câmara, José Police Neto (PSDB), que contra-atacou: “Não vamos conseguir saber quem limpou mais bocas-de-lobo. Se foi na atual administração ou quando a ex-prefeita Marta estava em Paris.” O vereador garantiu que a prefeitura tem atuado para resolver os problemas das enchentes: “Está sendo feito um esforço muito grande, mas, como se tratam de problemas estruturais, não é possível obter resultados imediatos.”
Police Neto aproveitou para fazer uma recomendação à população: “É importante saber que, em períodos de chuva, as pessoas não podem deixar o lixo na rua muito antes de passar o caminhão de coleta.”
Quem também opinou sobre a questão foi Jooji Hato (PMDB). “A cidade está impermeabilizada e para onde vai essa água da chuva?”, questionou o parlamentar, que apontou uma solução: “É preciso que cada um faça sua parte [para deixar o solo permeável]. A prefeitura tem que fazer isso nos logradouros públicos e as pessoas nas suas casas.”
Vereadores rejeitam 11 projetos nas duas últimas sessões
Na sequência dos debates, os parlamentares realizaram ontem mais uma sessão extraordinária, na qual diversos projetos de lei (PLs) foram votados. Seis deles, de autoria de ex-vereadores, foram rejeitados em segunda votação e arquivados. Por outro lado, dois projetos do Executivo foram aprovados em primeira votação, com o apoio de todas as bancadas, inclusive da oposição
A Câmara também aprovou o Projeto de Decreto Legislativo (que necessita apenas de uma votação), de autoria do vereador José Olímpio (PP), que trata da concessão de título de cidadão paulistano.
Os seis PLs rejeitados somam-se a outros cinco que também tiveram o mesmo destino na sessão de terça-feira (17/3). No total, 11 projetos foram arquivados pelos vereadores nas últimas duas sessões.
Veja o resultado das votações nas últimas duas sessões da Câmara
Campanha da Fraternidade será tema de sessão solene na Câmara
Nesta quinta-feira (19/3), às 15 horas, a Câmara Municipal de São Paulo realiza sessão solene sobre a Campanha da Fraternidade 2009, que tem como tema "A paz é Fruto da Justiça”. O evento patrocinado pelo vereador João Antonio (PT) acontecerá no Plenário 1º de Maio.
REPORTAGEM: AIRTON GOES airton@isps.org.br
