Durante os dois dias do I Fórum de Sustentabilidade Urbana São Paulo-Suécia, realizado nesta terça (24) e quarta-feira (25), temas que pautam o dia-a-dia dos paulistanos foram o centro da discussão. Resíduos, água e, principalmente, mobilidade urbana, ganharam a atenção do público formado por empresários, jornalistas e representantes dos governos brasileiro e sueco.
A cidade de Estocolmo, recém-batizada de Capital Verde da Europa, representa o modelo ideal da cidade que São Paulo pode ser. Transporte público eficiente e acessível a todos, sistema de restrição de veículos e incentivo à bicicleta, respeito ao pedestre e, ainda, combustível limpo, são alguns exemplos que justificam o disputado título conquistado pela capital sueca.
E é de iniciativas como este encontro que podem surgir novas parcerias entre as duas cidades. Uma delas, que já vem sendo aplicada em São Paulo desde 2006, é o Projeto Best (BioEthanol for Sustainable Transport). O objetivo é justamente estimular a substituição do diesel pelo etanol no transporte público. A troca reduziria em até 80% o índice de poluentes e ajudaria a salvar milhares de vidas somente na capital paulista.
Como parte do projeto, desde dezembro de 2007 circula por São Paulo um ônibus movido a álcool, produzido pela Scania como demonstração. Junto com ele, um “ônibus sombra”, movido a diesel, faz o mesmo percurso. A idéia inicial era que, depois de um ano, governo municipal e distribuidoras de combustíveis ficassem estimuladas a fazer a substituição total do combustível. Mas, até agora, isso não ocorreu.
“A legislação brasileira não dá nenhuma abertura para utilização de um produto barato e muito pouco poluente. O álcool é a melhor opção”, enfatiza o coordenador do Projeto Best no Brasil, José Roberto Moreira, do Cenbio (Centro Nacional de Referência em Biomassa). Ele admite que o álcool é efetivamente mais caro que o diesel (cerca de 20%), mas defende uma política de incentivos que estimule a comercialização do combustível mais limpo.
Cerca de 600 ônibus circulam pelo centro de Estocolmo totalmente movidos a álcool – quase 80% dele importado do Brasil. Desde 1985, é proibida a utilização do diesel no transporte público. “O Brasil desistiu do ônibus a álcool já nos anos 70, porque o aditivo necessário para o combustível não era considerado seguro para os trabalhadores que abasteciam os veículos. A Suécia aproveitou a idéia, desenvolveu seu próprio aditivo, e, desde então, incentiva cada vez mais o álcool brasileiro”, explicou o professor.