“Conforto ambiental: mudança pode beneficiar a saúde” – O Estado de S.Paulo

 

Plantas podem refrigerar o ar e melhorar a paisagem

SÃO PAULO – Qualquer prédio comercial ou residencial pode alcançar um certo grau de sustentabilidade atacando fatores como desperdício de água e de energia elétrica. Se for além, controlando os dejetos que são despejados nos ralos das cozinhas e também os detritos industriais, melhor.

Mas há ainda algo na sustentabilidade de edifícios que não se pode ser medido: o conforto ambiental.

“As construções no passado tinham o cuidado de ter jardins internos que mesmo em dia de chuva podiam ser contemplados. Hoje isso não existe. Muitos prédios construídos dão vista para paredões, pátios internos de face sul que não recebem uma nesga de sol, não têm um único verde”, afirma o arquiteto Gustavo Calazans.

“Plantas refrigeram o ambiente, atraem pássaros, criam paisagens, nós precisamos disso para nossa sanidade mental”, afirma o engenheiro ambiental Carlos Penna. Segundo ele, uma experiência feita nos Emirados Árabes, com um conjuntos de prédios, mostrou que a adoção de telhados verdes pode diminuir em até 5°C a temperatura no entorno dos edifícios. “Cinco graus é a diferença entre você se abanar ou colocar um casaquinho”, brinca Penna.

Mesmo pequenos jardins internos, colocados em frente a áreas com muito sol, têm capacidade de reduzir a temperatura do local, deixando a luz do sol passar.

“Há prédios mal projetados em todos os lugares”, diz Calazans. Um dos piores problemas, segundo ele, é a qualidade acústica do ambiente. Os pisos conhecidos como “carpetes de madeira” por exemplo, por não terem uma fixação no assoalho, criam um grande ruído quando alguém caminha sobre eles, principalmente de salto alto.

“Mas o pior problema é ouvir o que o vizinho fala”, afirma Calazans. Segundo ele, uma solução é o teto de gesso, que, além de esconder tubulação e fiação sobre ele, ainda cria um certo isolamento acústico.

APOSTA NO CONFORTO

“Eficiência energética, água de chuva, de reúso, tudo isso é muito bacana. Mas o conforto das pessoas, possibilitar que elas possam ter um lugar para dar uma andada, ver alguma árvore, tomar um café com tranquilidade, é fundamental”, afirma Penna.

Muitas empresas apostam no conforto ambiental para os funcionários. No Banco Real, por exemplo, um espaço no quarto andar conta com lan house, biblioteca, sala de jogos e um jardim.

O jardim é usado para, normalmente, um fim menos nobre: fumar. No entanto, lá, no meio da Avenida Paulista, é possível sentar-se um pouco ao ar livre, ver o céu, tomar um café. “Normalmente é onde as ideias surgem”, afirma Calazans.

 

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