Estudo do Greenpeace revela como a agropecuária contribui para destruir Amazônia

Uma investigação de 3 anos do Greenpeace revela como políticas do governo federal e práticas do setor agropecuário estão resultando em mais desmatamento, trabalho escravo e invasão de terras indígenas na Amazônia. O levantamento cruzou informações de notas fiscais, guias de transporte e dados de satélite.
O tema também foi abordado no seminário Conexões Sustentáveis – São Paulo Amazônia, resultou em pactos setoriais de três cadeias produtivas – madeira , soja e pecuária bovina – para reduzir o impacto sobre a floresta.

Empresas que assinam os pactos estão denunciadas no levantamento do Greenpeace. O objetivo dos pactos é exatamente fazer com que as empresas e os governos se responsabilizem publicamente por tomar medidas para não utilizarem produtos explorados sem certificação e que resultem em exploração ilegal da Amazônia.
O estudo do Greenpeace expõe como o consumo está alimentando o desmatamento na floresta, que leva à destruição dos recursos naturais e ao aquecimento global. A pesquisa cita grande marcas conhecidas mundialmente, Adidas, BMW, Carrefour, EuroStar, Ford, Honda, Gucci, IKEA, Kraft, Nike, Tesco, Toyota, Wal-Mart, Timberland, Unilever e Carrefour, que utilizam matérias-primas da Amazônia em seus produtos.

Os frigoríficos Marfrig e Bertim também constam nos relatórios do Greenpeace.
As investigações revelaram a complexa teia do comércio global de produtos bovinos envolvendo os frigoríficos brasileiros – Bertin, JBS e Marfrig. O Greenpeace identificou centenas de fazendas no bioma Amazônia fornecendo gado para seus frigoríficos na região.

Todas as vezes em que foi possível obter os mapas das propriedades, análises de satélite revelaram que fornecimento significativo de gado vinha de fazendas envolvidas em desmatamento recente e ilegal. Dados comerciais também mostraram negócios com fazendas envolvidas em trabalho escravo. Além disso, um frigorífico da Bertin recebeu gado de uma fazenda instalada ilegalmente dentro de uma Terra Indígena.
Antes de exportar, os frigoríficos da região Amazônica embarcam carne ou pele para fábricas processadoras a milhares de quilômetros de distância no sul do país. Em diversos casos, processamento adicional é realizado nos países importadores antes que o produto final chegue ao mercado. De acordo com o estudo, “o abastecimento ilegal ou criminoso de gado é ‘lavado’ ao longo da cadeia até chegar ao mercado global involuntário.”

O setor público no Brasil e em outros países também é mencionado. No caso brasileiro, o governo federal pretende dobrar a participação brasileira no comércio global de carne até 2018, sendo hoje o país o que tem o maior rebanho comercial do mundo e o maior exportador. Para atingir a meta, o governo está oferecendo US$ 41 bilhões em linhas de crédito ao setor agropecuário.
Com relação ao setor público de outros países, o estudo liga cadeia produtiva no Brasil a fornecedores do Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS) e a fornecedores no Oriente Médio, cujos clientes incluem as forças militares britânica, holandesa, italiana, espanhola e norte-americana.

Segundo o Greenpeace, a Amazônia brasileira apresenta, em área, a maior média anual de desmatamento do que qualquer outro lugar do mundo. A indústria da pecuária na região é responsável por 14% do desmatamento global anual. Isso torna o setor da pecuária o principal vetor de desmatamento não apenas na Amazônia brasileira, mas do mundo inteiro. Nos anos recentes, a cada 18 segundos, um hectare de floresta em média, é convertido em pasto.

O Brasil é o quarto maior emissor mundial de gases do efeito-estufa (GEE), principalmente por causa do desmatamento e das queimadas na Amazônia. A destruição das florestas tropicais é responsável por cerca de 20% das emissões globais de GEE. Zerar o desmatamento é a maneira mais rápida e econômica de combate às mudanças climáticas e de proteger a biodiversidade.
O maior desafio, identificado pelo próprio Banco Mundial, é combater os principais vetores econômicos de desmatamento nas áreas de expansão das ‘fronteiras agrícolas’, como a Amazônia’.


Veja em reportagem de O Estado de S.Paulo a resposta das empresas para as denúncias

Acesse o relatório

 

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