Bem-estar, felicidade, esperança… Conceitos que mobilizaram a atenção das quase 500 pessoas que estiveram no teatro do Sesc Consolação nesta sexta-feira (15/5), para o lançamento do IRBEM – Indicadores de Referência de Bem-Estar no Município – uma iniciativa do Movimento Nossa São Paulo. O público se emocionou diversas vezes ao ouvir a Senadora Marina Silva (PT), o filósofo Mário Sergio Cortella, a psicóloga e antropóloga Susan Andrews e os economistas José Eli da Veiga e Ladislau Dowbor. O evento marcou o segundo aniversário de atuação do Movimento.
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“Por que vocês e outras pessoas que fazem parte desse movimento resolveram dizer ‘nossa São Paulo?”, perguntou Marina Silva. E respondeu: “É obvio que ela é de vocês. É porque ela foi ficando tão rarefeita nas relações com as pessoas que há necessidade de uma reapropriação de uma nossa São Paulo nova. Que seja capaz de dar qualidade de vida e bem-estar para as pessoas aqui”.
Marina lançou várias questões para a plateia pensar como pode agir para ter mais bem-estar no meio onde vive. Afirmou que o ser humano hoje, na ânsia de superar o desamparo, a dependência do outro sentida desde o berço, age como onipotente, afronta os limites da natureza, as outras culturas e outras formas de vida. “No nosso desamparo precisamos resignificar nossa formas de pensar em relação à felicidade, à ideia de bem-estar. E ela mesmo apontou caminhos: “se tivermos um significado para o nosso fazer e nos sentirmos como parte do futuro que queremos alcançar, teremos outra atitude”. Foi aplaudida de pé.
A necessidade de resignificar ou revisar os indicadores atuais para se aproximar do que realmente traz mais bem-estar para as pessoas foi o tema da mesa de diálogo que se seguiu no evento. O professor da USP José Eli da Veiga comentou que os indicadores atuais para avaliar riqueza e prosperidade estão ultrapassados. Afirmou que o PIB (Produto Interno Bruto) é “péssimo “ e “precário” como medida de desenvolvimento econômico. E que o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) está passando por revisão para considerar também aspectos subjetivos. Para o professor da USP, a revisão dos principais indicadores reconhecidos internacionalmente vai levar décadas. “Se de fato houver superação do PIB será a maior inovação institucional do século XXI”, concluiu.
Também na mesa de diálogo, o professor da PUC Ladislau Dowbor afirmou que a construção do IRBEM fará com que São Paulo tenha pela primeira vez “instrumentos adequados para saber o que está acontecendo” na cidade.
Susan Andrews falou sobre o expressivo aumento de estudos para entender o que traz felicidade para as pessoas e sobre a busca de outras nações, como o Butão, o Canadá e a Inglaterra, para implantar políticas públicas que atendam a esse propósito. Susan comentou que recentes estudos científicos concluíram que o que mais impacta a felicidade das pessoas é a relação afetiva e de amizade com as outras pessoas – o “companheirismo impacta mais no bem-estar do que a renda”.
O filósofo Mário Sérgio Cortella encerrou o evento destacando que a conformidade é o que mais ameaça hoje a nossa idéia de felicidade. Por isso, é importante a utopia, um horizonte que motive cada um a caminhar. “A ideia de trabalhar com o IRBEM não é só trabalhar com indicadores, é a sinalização das nossas utopias, dos nossos sonhos”. Para Cortella, os indicadores servem para “iluminar, esclarecer, sugerir caminho”.
Oded Grajew, integrante do Movimento Nossa São Paulo, ao fazer a apresentação do IRBEM, explicou que a iniciativa pretende inovar ao ouvir as pessoas, ao considerar os aspectos subjetivos na definição dos indicadores. O IRBEM vai resultar do cruzamento das respostas pessoais com os indicadores objetivos dos órgãos oficiais. A proposta é “fazer com que são Paulo seja avaliada, seja vivida, seja administrada com uma única direção, que é qualidade de vida para quem está aqui, o valor humano como o valor que orienta as ações”, observou Grajew. O lançamento do conjunto de indicadores está previsto para janeiro de 2010, por ocasião do aniversário da cidade, comemorado em 25 de janeiro.
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