Um ato público organizado na Conferência Internacional do Ethos reuniu lideranças empresariais, sindicais, de organizações ambientalistas e movimentos sociais contra a medida provisória 458, que permite a regularização de posses de até 1,5 mil hectares na Amazônia. Para os manifestantes, a MP aprovada na Câmara e no Senado, e que aguarda agora a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, estimula a grilagem de terras, a concentração fundiária e desmatamento ilegal.
Ao final do ato foi divulgada a Carta Aberta à Sociedade que pede o veto dos três artigos considerados mais problemáticos (o 2º, o 7º e o 13º) e conclama o presidente Lula, o congresso e as empresas a assumirem suas responsabilidades para colocarem a agenda ambiental como central em suas ações e no desenvolvimento do país.
Ricardo Young, presidente do Instituto Ethos, abriu o evento dizendo que a manifestação não era contra nem a favor do governo, mas “a favor do Brasil e contra todos os que desejam desarticular a legislação ambiental do país.”
Após Young, as lideranças convidadas se manifestaram. “Nós entendemos que a história da reforma agrária no Brasil tem olhado a terra e não os recursos naturais. A MP 458 só olha a regularização das terras”, afirmou o diretor do Conselho Nacional dos Seringueiros e integrante do Fórum Amazônia Sustentável, Júlio Barbosa.
Beto Ricardo, do Instituto Socioambiental (ISA), convocou a todos os presentes e em especial às organizações sociais para que se mobilizem a favor do desenvolvimento sustentável da Amazônia. “Desenvolvimento sim, de qualquer jeito não”, afirmou.
Marcelo Furtado, do Greenpeace, destacou que o ato público não era direcionado somente ao presidente Lula, mas também ao Congresso, já que a MP 458 é apenas uma das medidas nocivas ao desenvolvimento sustentável da Amazônia que estão por vir nos próximos meses. Furtado disse que “é preciso dizer basta” ao desmatamento, porque “não existe Brasil sem Amazônia, não existe água para hidroelétricas, para a agricultura, para as grandes cidades.”
A senadora Marina Silva, de viagem à Noruega, enviou uma mensagem em vídeo aos participantes do ato público. “Estamos vivendo um momento de claro retrocesso.(…) Quase uma pá de cal nos esforços para combater a grilagem na Amazônia. (…) Chegou o momento dos representados [cidadãos] assumirem uma posição mais pró-ativa, em legítima defesa da legislação ambiental”, disse.
Também estiveram presentes no evento representantes das organizações WWF e Amigos da Terra, da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e do Partido dos Trabalhadores, além dos presidentes da Natura, Wal-Mart Brasil, Orsa, Votorantim Celulose e Papel (VCP) e Nutrimental. Oded Grajew representou a Rede Social Brasileira por Cidades Justas e Sustentáveis e o Movimento Nossa São Paulo.