“Em 1 ano, velocidade dos carros cai até 16% em SP” – Jornal da Tarde


As medidas para impedir a circulação de caminhões no centro expandido reduziram os índices de congestionamento, mas não foram suficientes para aumentar a velocidade desenvolvida pelos veículos nas ruas da capital

Naiana Oscar, Renato Machado e Eduardo Reina

Apesar de uma série de medidas e obras para ampliar a fluidez na capital paulista – incluindo a restrição aos caminhões, que completa amanhã um ano -, os motoristas perdem cada vez mais tempo no trânsito em São Paulo. As medidas para impedir a circulação de caminhões no centro expandido reduziram os índices de congestionamento, mas não foram suficientes para aumentar a velocidade desenvolvida pelos veículos nas ruas da capital.

Dados obtidos pelo Jornal da Tarde mostram que, entre maio do ano passado (um mês antes do início da medida) e maio deste ano, a velocidade média nos horários de pico apresentou queda. Pela manhã, esse índice passou de 30 km/h para 25 km/h (-16,6%). E no horário de pico da tarde, de 17 km/h para 15 km/h (-11,7%). Uma carroça puxada por dois cavalos consegue atingir 28 km/h. Isso sem contar que, no dia 10 de junho, véspera de feriado prolongado, a capital registrou o maior congestionamento da história, com 293 km de extensão. Os dados de “Resumo Mensal” da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) abrangem os índices até o mês passado.

No rush da tarde, com a velocidade média registrada atualmente, um carro leva quase cinco vezes mais tempo para percorrer os 24,5 km da Marginal do Tietê do que se estivesse desenvolvendo a velocidade limite permitida na pista expressa. Com o desempenho atual, esse percurso leva 1h30, quando poderia ser completado em 20 minutos, caso o trânsito estivesse fluindo normalmente no limite de 90km/h.

A diminuição da velocidade média já havia sido registrada no ano passado, mesmo com a série de medidas adotadas no segundo semestre para dar mais fluidez ao trânsito – a Prefeitura também extinguiu vagas de estacionamento em pelo menos cinco bairros para criar mais faixas de rolagem. No pico da tarde, a velocidade média foi de 18 km/h, ante 22 km/h de 2007, queda de 18,1%. O fenômeno foi inverso no pico da tarde, quando houve alta de 14,8% – passou de 27 para 31 km/h.

As médias dos maiores congestionamentos registrados no pico da manhã e da tarde, nos cinco primeiros meses de 2009, são de 87 e 121 quilômetros, respectivamente. Em 2008, esses índices eram de 91 e 129 km de extensão. Por enquanto, uma redução de 4,3% no congestionamento da manhã e de 12,9% na lentidão da tarde.

Quando as regras de circulação de caminhões foram anunciadas no ano passado, a Prefeitura estimou redução de 17% no congestionamento. O decreto municipal proíbe que caminhões grandes circulem por uma área de 100 km² dentro do centro expandido das 5h às 21h. Já os caminhões menores, chamados Veículos Urbanos de Carga (VUCs), têm de respeitar um rodízio de placas pares e ímpares das 10h às 16h. Isso até novembro, quando a secretaria deve estender aos VUCs as mesmas restrições dos caminhões.

O cálculo das médias de lentidão e de velocidade é feito de formas distintas pelos técnicos da CET. No primeiro caso, a medição toma por base o congestionamento máximo de cada dia registrado no horário de pico. E a velocidade é medida de acordo com o tempo de percurso de veículos de passeio escolhidos aleatoriamente na hora do rush. São coletadas cinco amostras, sempre no sentido de maior fluxo.

Para Adriano Branco, secretário de Transportes no governo Montoro, a redução da velocidade média nos picos demonstra que o espaço liberado pelos caminhões na ruas já foi tomado pelos automóveis, uma vez que a frota paulistana cresceu 6,2% nos últimos 12 meses. “Só oferecendo quantidade maior de transporte público vamos atingir o cerne da questão.”

Já o consultor Jorge Hori apoia as medidas restritivas a caminhões e adota o discurso do “ruim com elas, pior sem”. “Não se deve comparar com a situação anterior (de congestionamentos e velocidade média), mas com o que seria se essas regras não tivessem sido aplicadas”, afirma. Procurada para falar sobre a velocidade média, a CET não retornou os contatos.

 

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