“São Paulo suporta mais 1.500 prédios” – Jornal da Tarde


Estudo levou em conta investimentos em transporte público para os próximos três anos

Bruno Paes Manso, bruno.paesmanso@grupoestado.com.br

Com os investimentos em transporte público previstos para São Paulo até 2012, a estrutura da cidade ainda tem capacidade para suportar, sem transtornos ao trânsito ou consequências ambientais, a construção de mais 23 milhões de metros quadrados nos próximos três anos – o que equivale aos 1.543 prédios residenciais lançados entre janeiro de 2005 e abril deste ano. Entre 1982 e 2007, em toda a região metropolitana de São Paulo, foram construídos em edifícios 82,4 milhões de metros quadrados – 6.728 prédios.

Os números partem de um estudo encomendado pela Prefeitura de São Paulo à Secretaria de Transportes Metropolitanos do Estado, sob a coordenação do arquiteto e urbanista Cândido Malta. Os dados foram calculados para servir de base para o município definir a capacidade de adensamento e verticalização de 90 regiões – as chamadas bacias de tráfego – e têm como base o ano de 2005.

Pelas informações de 2005, havia a disponibilidade de 47,6 milhões de metros quadrados em edifícios residenciais (30,5 milhões) e comerciais (17,1 milhões) na capital paulista. Isso significava que até 4 mil novos edifícios poderiam surgir na cidade sem provocar transtornos. Para verificar a capacidade atual, a reportagem cruzou os dados com os registros de lançamentos da Empresa Brasileira de Estudos do Patrimônio (Embraesp) até abril deste ano. Vale destacar que houve boom histórico de construções na capital a partir de 2007 e atualmente o setor enfrenta a crise econômica.

De acordo com o levantamento, Mooca, na zona leste (1,7 milhão ou cerca de 140 prédios), Vila Mariana (1,6 milhão, ou 130 prédios) e Moema (1,6 milhão), na zona sul , são as regiões da cidade com maior capacidade para receber moradias até 2012. Com as novas linhas de metrô, como a 5, que sai do Capão Redondo, passando por Brooklin e Campo Belo até chegar ao Ipiranga, a estrutura desses três bairros passa a ter capacidade para suportar um crescimento nove vezes maior do que o o Morumbi (190 mil), na zona sul. O investimento nos transportes públicos foi calculado a partir do Plano Integrado de Transporte Urbano (Pitu) 2025.

Para definir qual a capacidade ideal de adensamento para cada região, o estudo considerou outras sete variáveis: condição das vias e dos ônibus, a capacidade das calçadas, as emissões veiculares, a produção de ruídos e vibrações, a quantidade de acidentes de trânsito e viagens internas, que levam em conta o deslocamento entre moradia e trabalho.

Todos os dados foram avaliados em conjunto para dimensionar quantos novos edifícios cada região pode suportar, equilibrando moradia e trabalho. Bairros com elevada quantidade de moradias e poucos empregos, como Sapopemba, na zona leste, foram apontados como lugares com elevada capacidade de receber prédios de escritório (1,4 milhão) e poucas moradias (198 mil).

Para reverter a diminuição populacional no centro expandido, os pesquisadores sugeriram, por exemplo, aumentar as moradias em bairros centrais. Regiões como Moema (-0,90), Vila Mariana (-0,79), Perdizes (-0,67), Itaim Bibi (-3,04), Consolação (-2,20), Campo Belo (-1,73) e Tatuapé (-0,74) perderam população entre 1991 e 2000, segundo o Censo 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

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